Confia em Sócrates? 50 personalidades avaliam efeito das escutas

Confia em Sócrates? 50 personalidades avaliam efeito das escutas

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Publicado em 26 de Fevereiro de 2010  

O i lançou a pergunta: “Depois dos episódios recentes relacionados com as escutas e o caso Face Oculta, mantém a confiança no primeiro-ministro?”

    Não

    Rui Moreira, presidente da Associação Comercial do Porto: "O primeiro-ministro tem que ser um factor de confiança perante o exterior e agora acho que passou a ser um factor de desconfiança perante o exterior.”
    Rui Moreira

    Henrique Neto, empresário: ""É evidente que estes episódios estão a desprestigiar as instituições e seria preferível que o PS encontrasse outra solução. O governo está a gastar demasiado tempo com estas questões essenciais. E o drama é que ainda ninguém percebeu o que se passou. Todos os dias surgem novas dúvidas".

    Carlos Barbosa, presidente do ACP : “Não porque acredito que a história do negócio da PT com a TVI é verdadeira.”

    Manuel João Ramos, Associação dos Cidadãos Automobilizados: “Nem em Sócrates nem na sua entourage. Sócrates é o responsável pela destruição da Arrábida. Já fui ameaçado por Ascenso Simões. Telefonou-me a avisar-me que não podia dar entrevistas e dizer mal do governo porque estava a receber dinheiro do governo [ACAM tinha ganho um concurso público]. O que eu critiquei? O facto do Manuel Pinho ter sido apanhado em excesso de velocidade na auto-estrada.”
    Nuno Ribeiro da Silva, presidente da Endesa Portugal: “Não e lamento. Há um conjunto de situações, de trapalhadas, sem explicação por mais explicações que sejam dadas. Não é por uma questão de ideologia política é por uma questão comportamental de Sócrates.”

    Eduardo Catroga, economista: "Não. Em função dos acontecimentos sempre mal explicados, eu e a generalidade dos portugueses, gostaríamos de ter um primeiro-ministro com outro perfil pessoal. Como português e cidadão não gosto de ter um primeiro-ministro envolvido em casos onde se envolveu ou foi envolvido, mas sempre muito mal explicados”

    Bacelar Gouveia, constitucionalista: “Já não acreditava, mas estes casos apenas confirmaram as minhas dúvidas. Eles abalaram profundamente a legitimidade política do primeiro-ministro.”

    Ana Bola, actriz:  “Neste momento só confio nos (poucos) amigos, na família e principalmente nos meus cães. E não sou desconfiada por natureza…”

    Manuel  Villaverde Cabral, sociólogo: “Não me convenceu porque há demasiadas coisas por explicar, demasiado ruídos e se há dúvidas num domínio transbordam sempre para outros. É como disse o procurador-geral da República, é pouco transparente. Eu acrescento pouco convincente.”

    Elisabete Jacinto, piloto : “Não porque um primeiro-ministro deve inspirar confiança e segurança. José Sócrates não está a revelar nada disso.”  
    José Pedro Gomes, actor: Não confio, mas já não confiava antes das polémicas. Até pelo tom de voz, percebi desde o primeiro momento que não dava para acreditar nele. Mais grave do que estas polémicas é não ter feito as reformas que disse, de crista levantada e arrogante, que iria fazer.”

    José Luís Peixoto, escritor: “A confiança é um sentimento muito forte. Não confio no primeiro-ministro, assim como não confio na maioria dos políticos que temos. Não foram só as polémicas que me fizeram pensar isso. Nunca confiei na sua forma de governar o país, nem nas suas políticas, nomeadamente na área da cultura, que ele defendeu sempre tão pouco. O rumo de que o país precisa é muito diferente do que ele está a seguir, logo não dá para confiar.”

    Bagão Félix, professor universitário: " É óbvio que não porque a política tem que ser feita de verdade, autenticidade e exemplaridade. Estes três pilares de qualquer liderança estão irremediavelmente postos em causa.”

    Saldanha Sanches, fiscalista:   “Não confio em pessoas que desta ou daquela forma estão sistematicamente referenciadas como estando relacionadas com certos tipos de processos judiciais.”
    Daniel Amaral, economista:  “Sócrates chegou a ser um grande primeiro-ministro. Mas as trapalhadas em que se viu envolvido ofuscaram-lhe a imagem. E os últimos factos desacreditaram-no completamente. Lamento a resposta, por ele e pelo país: acho que Sócrates mentiu e a minha confiança terminou aí.” 
    João Rendeiro, ex-presidente do BPP: “Não porque me parece que tem os instintos errados. Tudo o que tem vindo a público leva-me a concluir que não posso confiar nele nem na avaliação que faz das situações.”

    Não sei

    Ângelo Correia, presidente da Fomentinvest:  “É necessário um esclarecimento completo para se poder responder. Os indicadores não lhe são favoráveis, mas até ao final do inquérito devemos dar-lhe o benefício da dúvida.”
    João Pereira Coutinho, presidente do grupo SAG:  “Deve dirigir essa pergunta a Belém. O Presidente é que tem o poder para tratar deste assunto.”

    Laurinda Alves, jornalista: "José Sócrates não é um político a quem eu tenha dado o meu voto de confiança. Todos estes acontecimentos nos confundem muito, mas não gosto de  julgar quando não conheço todas as linhas e entrelinhas dos processos. É o caso.”
    Álvaro Barreto, ex-ministro: “Confio desconfiadamente. Apesar de todos os incidentes que atingiram a imagem de José Sócrates entendo que o interesse nacional exige a sua permanência como primeiro-ministro.”

    Carlos do Carmo, músico: Há tantas questões, nestes últimos anos, em redor da honradez de José Sócrates que das duas uma: ou estamos perante um homem perseguido ou na presença de uma homem que mente. Se mente não serve para o país. Desejo para bem do meu país que Sócrates seja um homem honrado.”

    João Araújo,director da “Playboy” : “Quando nos pedem muito que tenhamos confiança ela tende a desaparecer.”

    Olga Pratz, pianista:  "Já não sei o que é verdade. Se o que leio nos jornais, se o que oiço de Sócrates. Gostaria de poder dizer, sim confio, porque precisamos de confiar nas pessoas que governam o país. Mas já não sei.”

    Mira Amaral, presidente do BIC:  "O meu julgamento sobre Sócrates está dependente da sua consciencialização ou não da gravidade da situação económica. Não dou relevo a esses mexericos que tanto deliciam a classe política.”

    Victorino D’Almeida,  maestro:  “Não posso confiar nem desconfiar de coisas sobre as quais não tenho informação. É uma situação muito estranha. Não sei… Estou à espera que me esclareçam.”
    Rui Ramos, historiador: “Não sei porque o primeiro-ministro
    me pede que eu acredite em coisas que não me parecem plausíveis, que são difíceis de acreditar.”

    Simone de Oliveira, actriz:  “Tem dias. Numas vezes sinto que o que ele diz é verdade, noutros não dá para acreditar. A verdade é que todos nós não acreditamos nos políticos. Porquê? Pelas indecisões, inverdades, mentiras escondidas e por aquilo que dizem e não deviam dizer. Tinha de se alterar muita coisa para que passássemos a vê-los com credibilidade.” 

    Sim

    Alípio Dias, ex-administrador do BCP:  “Temos de acreditar. Até prova em contrário, a sua credibilidade não pode ser afectada. Mas estas coisas são todas muito desagradáveis e tudo isto não é nada bom para o país.”

    Francisco Van Zeller, empresário:  “Sim, com todas as reservas possíveis. Mas se não fosse a situação do país, diria que não.”

    Germano Marques da Silva, penalista: “Mantenho a confiança, até prova em contrário. Devido à minha formação jurídica, exijo provas.”

    Luís Nazaré, professor universitário: “Sim, nada aconteceu para que a perdesse.”

    Horácio Roque, presidente do Banif: “Mantenho a confiança no primeiro-
    -ministro, mas estes episódios enfraquecem-no. Tem mostrado uma enorme capacidade de resistência, mas isto não ajuda nada à estabilidade do país, à capacidade de governar e à imagem de Portugal no exterior.”
    João Reis, actor : "A confiança ganha-se com o tempo e com factos. O tempo de Sócrates atingiu o seu limite e os factos, apesar de tantas e malditas encenações, dizem-nos que há muita história mal contada apesar das sistemáticas violações do segredo de justiça. Em suma, dar-lhe-ia mais uma oportunidade, em parte porque acho que a oposição do principal partido é miserável e porque estou cansado de ouvir os profetas da desgraça.”

    Júlio Machado Vaz, psiquiatra:  “O primeiro-ministro tem toda a legitimidade para governar mas a sua credibilidade está seriamente abalada.”

    Soares Franco, Presidente da Opway: "O primeiro-ministro tem-se sabido comportar dignamente relativamente a tudo aquilo que o têm acusado.”

    Joe Berardo, investidor:  “Deus lhe dê forças para continuar o trabalho que está a fazer. Estas coisas da justiça, cada um no seu galho. José Sócrates foi eleito e não vi nada para que eu, pessoalmente, deixe de continuar a confiar nele.”

    João Duque, presidente do ISEG: “Não tenho motivo para deixar de confiar porque nada foi julgado. Até prova em contrário… Mas do ponto de vista económico, Portugal pede um homem com características muito diferentes das de José Sócrates.”

    Eduardo Barroso, médico: “Continua a merecer a minha total confiança. Nunca vi na minha vida uma campanha tão bem organizada para destruir uma pessoa.”

    Luís Pedro Nunes, director do “Inimigo Público”: "Confio. Posso dizer que a minha confiança em Sócrates se mantém inalterada desde que descobri que ele não é de confiança.

    Inês Pedrosa, escritora: “Sim, mas tem de limpar a administração pública desta escandaleiras, negociatas e boys. Tem sido um bom primeiro-ministro mas não tenho gostado nada destas histórias da Face oculta. Precisamos de esclarecimentos cabais de José Sócrates.”
    Miguel Pais do Amaral, presidente do grupo Leya: “Sim porque não acredito na justiça nem nos magistrados.”
    Emídio Rangel, jornalista: Sim, continua a demonstrar qualidades para exercer as funções de primeiro--ministro e a ser um homem determinado e corajoso.”

    Fernando Alvim, humorista: “Sim, porque Sócrates não tem culpa que o tio lhe chame Joselito nas televisões. Mário crespo só está interessado em entrevistar o Lobo Antunes e o Medina Carreira. Para além disso, todos sabemos que na Universidade Independente os cursos de inglês são melhores que os do Wall Street Institute”. 
    Delmiro Carreira, presidente do Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas: “Mantenho a confiança no primeiro-ministro porque é a pessoa indicada para governar o país e ganhou as eleições. Estes factos não afectaram a minha opinião porque nada foi provado.”

    Elvira Fortunato, cientista: “Sim, confio em toda a gente até prova em contrário.”

    General Loureiro dos Santos: “Até agora não há provas que me levem a deixar de ter confiança. Tem havido muitas acusações mas provas não vi nenhuma.”
    Luís Villas-Boas, presidente do Refúgio Aboim Ascenção “Não tenho nenhuma razão objectiva para não confiar no primeiro-ministro enquanto pessoa.”
    Octávio Machado, ex-treinador: “Sim, confio em Sócrates porque ninguém chega a primeiro-ministro com aqueles defeitos todos. Há um grande exagero em tudo o que se tem dito nestes últimos meses.”

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