OE 2011 (i)

OE: conheça as propostas apresentadas pelo Governo

Publicado em 16 de Outubro de 2010  

http://www.ionline.pt/conteudo/83623-oe-conheca-as-propostas-apresentadas-pelo-governo

Eduardo Martins

    O Orçamento do Estado foi entregue, esta sexta-feira, no Parlamento, pouco antes de terminar o prazo.

    Segundo o documento, o Estado vai subir o endividamento em 11,5 mil milhões de euros, reflectindo um abrandamento face aos 17,4 mil milhões autorizados para este ano, indica o governo.

    As câmaras vão ser alvo de corte. A proposta de Orçamento do Estado para 2011 prevê um corte de cerca de 213 milhões de euros nas transferências paras as autarquias ao abrigo do Fundo de Estabilização Financeira (FEF) e do Fundo Social Municipal. Face a 2010 este é um corte de 9,5%.

    O governo prepara-se também para reduzir as compensações a magistrados em 20%.

    A despesa com juros vai disparar 15% para 6300 milhões. Este valor representa um agravamento de 800 milhões de euros em relação ao estimado para este ano.

    O governo vai eliminar a isenção do pagamento de portagens nav Ponte 25 de Abril a partir do próximo ano. A medida faz parte do pacote de cortes na despesa a racionalização no quadro do Ministério das Obras Públicas.

    Os encargos líquidos para o Estado com as Parcerias Público Privadas (PPP) atingem os 841,9 milhões de euros em 2011, pouco menos do que os 869 milhões que serão precisos até ao final de 2010.
    Por outro lado, o Estado espera ganhar 361 milhões em dividendos das empresas públicas.

    As empresas públicas reduziram o endividamento em 1190 milhões de euros em relação aos valores que estavam previstos antes do PEC.

    O próximo Orçamento do Estado dá conta de que o Governo vai avançar já no próximo ano com a extinção, reorganização ou reestruturação de 50 institutos públicos, de maneira a racionalizar as estruturas orgânicas da administração do Estado.

    O governo vai eliminar aisenção fiscal dada aos biocombustíveis. A incorporação do biodiesel tem sido incentivada através da isenção parcial ou total do imposto sobre os produtos petrolíferos

    O projecto do TGV continua a receber a atenção do Executivo. A Rede de Alta Velocidade (RAVE) vai receber até 8 milhões de euros do PIDDAC para financiar a preparação deste projecto.

    O Estado pretende vender imóveis para financiar pensões, equipar forças armadas e reforçar capital de hospitais.

    O governo quer reduzir em 15% as transferências de verbas públicas para as fundações de direito privado. Esta é uma medida que o Executivo identifica como "medida excepcional de estabilidade orçamental".

    Por outro lado, os consumidores vão ser mais penalizados nas suas facturas electrónicas, já que a contribuição audiovisual vai disparar 29% para 2,25 euros. Também os passes vão ser afectados. O Governo pretende reduzir os passes para estudantes 4_18 e sub_23, de acordo com a proposta do Orçamento do Estado para 2011, hoje entregue na Assembleia da República.

    Cortes com Ministérios:

    Saúde lidera cortes na despesa consolidada com decréscimo de 12,8 por cento

    Cultura sobe 2,9 por cento mas ficaram 40,6 milhões por gastar

    Ministério do Ambiente com crescimento de 20,2%

    Desporto sofre redução de 1,9 pc, para um total de 72,8 milhões

    Educação com menos 800 milhões de euros no próximo ano

    Negócios Estrangeiros perdem 33 milhões

    OE 2011 (Público)

    oe2011

    Fonte: http://static.publico.clix.pt/files/home/oe2011/slide1.jpg

    image

    Fonte: http://static.publico.clix.pt/files/home/oe2011/slide2.jpg 

    image

    Fonte: http://static.publico.clix.pt/files/home/oe2011/slide3.jpg

    image

    Fonte: http://static.publico.clix.pt/files/home/oe2011/slide4.jpg

    O Orçamento do Estado de que todos falam é finalmente apresentado esta semana

    O Orçamento do Estado de que todos falam é finalmente apresentado esta semana

    http://jornal.publico.pt/noticia/11-10-2010/o-orcamento-do-estado-de-que-todos-falam--e-finalmente-apresentado-esta-semana-20379957.htm

    Por Sérgio Aníbal

    A proposta de OE que o Governo fez principalmente a pensar nos mercados deverá ser conhecida na próxima sexta-feira

    O Orçamento do Estado (OE) mais esperado das últimas décadas em Portugal é também aquele que, antes de ser conhecido, mais tem sido debatido e sobre o qual já se anunciaram mais medidas.
    O Governo deverá apresentar na próxima sexta-feira, último dia do prazo legal para o fazer, a sua proposta orçamental para 2011. Funcionários públicos, pensionistas, bancos, empresas, oposição, Comissão Europeia, sindicatos, mercados e contribuintes em geral esperam com ansiedade para conhecer o conteúdo de um documento que promete trazer algumas das medidas de austeridade mais duras alguma vez aplicadas em Portugal.
    E a verdade é que algumas delas já são largamente conhecidas e discutidas. No final de Setembro, perante a pressão dos mercados e das autoridades europeias, o executivo viu-se forçado a revelar desde logo uma série de medidas de redução do défice, que na sua grande maioria serão introduzidas legalmente através da proposta de OE.
    É o caso das que afectam os funcionários públicos e cujos detalhes até já foram dados a conhecer nas propostas para negociação enviadas aos sindicatos. A principal destas medidas é o corte salarial médio de cinco por cento e que irá de uma redução de 3,5 por cento para os rendimentos brutos entre 1500 e 1550 até 10 por cento para quem ganha mais de 4200 euros por mês. Serão abrangidos os funcionários da administração central, dos fundos e serviços autónomos, das autarquias e também de todas as empresas controladas pelo Estado.
    Na proposta do OE, será dada a conhecer, nesta matéria, qual a solução legal encontrada pelo executivo para fazer baixar os salários dos trabalhadores destes sectores, sem abrir a porta a que no sector privado se possa fazer o mesmo. Seja como for, já são vários os sindicatos a preparar um recurso a esta medida, acusando-a de violar a Constituição.
    Do OE constarão ainda reduções das ajudas de custo e dos subsídios de transporte, o alargamento da aplicação das novas regras de horas extraordinárias e o fim da possibilidade de acumulação de salários no sector público com pensões, mas sem afectar aqueles que já beneficiam actualmente dessa possibilidade.
    Outras reduções na despesa prevista no OE incluem o congelamento das pensões de reforma durante um ano, o corte das transferências para as autarquias e a limitação das indemnizações compensatórias para as empresas públicas. A proposta de OE contará também com o agravamento da carga fiscal. O ministro das Finanças diz que não é possível atingir o objectivo de défice apenas com cortes na despesa e por isso a taxa máxima de IVA irá subir dois pontos percentuais, para 23 por cento. Serão ainda revelados quais os produtos que deixarão de ser taxados a uma taxa de IVA reduzida ou intermédia, passando igualmente para os 23 por cento.
    O executivo revelará ainda com pormenor o que é que pretende fazer ao nível das deduções de IRS nas despesas das famílias com saúde e educação. Foi anunciada a introdução de limites de acordo com os rendimentos, mas não foram apresentados ainda dados concretos.
    No valor do défice previsto não deverá surgir nenhuma surpresa. Os 4,6 por cento do PIB prometidos para 2011 logo em Maio quando os mercados pressionaram e as autoridades europeias forçaram Portugal e Espanha a intensificar o esforço de consolidação deverão manter-se como objectivo.
    Depois de entregue sexta-feira no Parlamento, a proposta de OE será alvo de debate, com a votação na generalidade a dever ser feita no dia 29 de Outubro. O Governo diz que não abdica das medidas anunciadas, os partidos da oposição à direita discordam da subida de impostos, enquanto à esquerda se protesta contra o corte dos salários e das prestações sociais. Com um acordo ainda não declarado, os mercados mantêm a pressão, emprestando dinheiro apenas a taxas de juro historicamente altas.

    Confia em Sócrates? 50 personalidades avaliam efeito das escutas

    Confia em Sócrates? 50 personalidades avaliam efeito das escutas

    http://www.ionline.pt/conteudo/48615-confia-em-socrates-50-personalidades-avaliam-efeito-das-escutas

    Publicado em 26 de Fevereiro de 2010  

    O i lançou a pergunta: “Depois dos episódios recentes relacionados com as escutas e o caso Face Oculta, mantém a confiança no primeiro-ministro?”

      Não

      Rui Moreira, presidente da Associação Comercial do Porto: "O primeiro-ministro tem que ser um factor de confiança perante o exterior e agora acho que passou a ser um factor de desconfiança perante o exterior.”
      Rui Moreira

      Henrique Neto, empresário: ""É evidente que estes episódios estão a desprestigiar as instituições e seria preferível que o PS encontrasse outra solução. O governo está a gastar demasiado tempo com estas questões essenciais. E o drama é que ainda ninguém percebeu o que se passou. Todos os dias surgem novas dúvidas".

      Carlos Barbosa, presidente do ACP : “Não porque acredito que a história do negócio da PT com a TVI é verdadeira.”

      Manuel João Ramos, Associação dos Cidadãos Automobilizados: “Nem em Sócrates nem na sua entourage. Sócrates é o responsável pela destruição da Arrábida. Já fui ameaçado por Ascenso Simões. Telefonou-me a avisar-me que não podia dar entrevistas e dizer mal do governo porque estava a receber dinheiro do governo [ACAM tinha ganho um concurso público]. O que eu critiquei? O facto do Manuel Pinho ter sido apanhado em excesso de velocidade na auto-estrada.”
      Nuno Ribeiro da Silva, presidente da Endesa Portugal: “Não e lamento. Há um conjunto de situações, de trapalhadas, sem explicação por mais explicações que sejam dadas. Não é por uma questão de ideologia política é por uma questão comportamental de Sócrates.”

      Eduardo Catroga, economista: "Não. Em função dos acontecimentos sempre mal explicados, eu e a generalidade dos portugueses, gostaríamos de ter um primeiro-ministro com outro perfil pessoal. Como português e cidadão não gosto de ter um primeiro-ministro envolvido em casos onde se envolveu ou foi envolvido, mas sempre muito mal explicados”

      Bacelar Gouveia, constitucionalista: “Já não acreditava, mas estes casos apenas confirmaram as minhas dúvidas. Eles abalaram profundamente a legitimidade política do primeiro-ministro.”

      Ana Bola, actriz:  “Neste momento só confio nos (poucos) amigos, na família e principalmente nos meus cães. E não sou desconfiada por natureza…”

      Manuel  Villaverde Cabral, sociólogo: “Não me convenceu porque há demasiadas coisas por explicar, demasiado ruídos e se há dúvidas num domínio transbordam sempre para outros. É como disse o procurador-geral da República, é pouco transparente. Eu acrescento pouco convincente.”

      Elisabete Jacinto, piloto : “Não porque um primeiro-ministro deve inspirar confiança e segurança. José Sócrates não está a revelar nada disso.”  
      José Pedro Gomes, actor: Não confio, mas já não confiava antes das polémicas. Até pelo tom de voz, percebi desde o primeiro momento que não dava para acreditar nele. Mais grave do que estas polémicas é não ter feito as reformas que disse, de crista levantada e arrogante, que iria fazer.”

      José Luís Peixoto, escritor: “A confiança é um sentimento muito forte. Não confio no primeiro-ministro, assim como não confio na maioria dos políticos que temos. Não foram só as polémicas que me fizeram pensar isso. Nunca confiei na sua forma de governar o país, nem nas suas políticas, nomeadamente na área da cultura, que ele defendeu sempre tão pouco. O rumo de que o país precisa é muito diferente do que ele está a seguir, logo não dá para confiar.”

      Bagão Félix, professor universitário: " É óbvio que não porque a política tem que ser feita de verdade, autenticidade e exemplaridade. Estes três pilares de qualquer liderança estão irremediavelmente postos em causa.”

      Saldanha Sanches, fiscalista:   “Não confio em pessoas que desta ou daquela forma estão sistematicamente referenciadas como estando relacionadas com certos tipos de processos judiciais.”
      Daniel Amaral, economista:  “Sócrates chegou a ser um grande primeiro-ministro. Mas as trapalhadas em que se viu envolvido ofuscaram-lhe a imagem. E os últimos factos desacreditaram-no completamente. Lamento a resposta, por ele e pelo país: acho que Sócrates mentiu e a minha confiança terminou aí.” 
      João Rendeiro, ex-presidente do BPP: “Não porque me parece que tem os instintos errados. Tudo o que tem vindo a público leva-me a concluir que não posso confiar nele nem na avaliação que faz das situações.”

      Não sei

      Ângelo Correia, presidente da Fomentinvest:  “É necessário um esclarecimento completo para se poder responder. Os indicadores não lhe são favoráveis, mas até ao final do inquérito devemos dar-lhe o benefício da dúvida.”
      João Pereira Coutinho, presidente do grupo SAG:  “Deve dirigir essa pergunta a Belém. O Presidente é que tem o poder para tratar deste assunto.”

      Laurinda Alves, jornalista: "José Sócrates não é um político a quem eu tenha dado o meu voto de confiança. Todos estes acontecimentos nos confundem muito, mas não gosto de  julgar quando não conheço todas as linhas e entrelinhas dos processos. É o caso.”
      Álvaro Barreto, ex-ministro: “Confio desconfiadamente. Apesar de todos os incidentes que atingiram a imagem de José Sócrates entendo que o interesse nacional exige a sua permanência como primeiro-ministro.”

      Carlos do Carmo, músico: Há tantas questões, nestes últimos anos, em redor da honradez de José Sócrates que das duas uma: ou estamos perante um homem perseguido ou na presença de uma homem que mente. Se mente não serve para o país. Desejo para bem do meu país que Sócrates seja um homem honrado.”

      João Araújo,director da “Playboy” : “Quando nos pedem muito que tenhamos confiança ela tende a desaparecer.”

      Olga Pratz, pianista:  "Já não sei o que é verdade. Se o que leio nos jornais, se o que oiço de Sócrates. Gostaria de poder dizer, sim confio, porque precisamos de confiar nas pessoas que governam o país. Mas já não sei.”

      Mira Amaral, presidente do BIC:  "O meu julgamento sobre Sócrates está dependente da sua consciencialização ou não da gravidade da situação económica. Não dou relevo a esses mexericos que tanto deliciam a classe política.”

      Victorino D’Almeida,  maestro:  “Não posso confiar nem desconfiar de coisas sobre as quais não tenho informação. É uma situação muito estranha. Não sei… Estou à espera que me esclareçam.”
      Rui Ramos, historiador: “Não sei porque o primeiro-ministro
      me pede que eu acredite em coisas que não me parecem plausíveis, que são difíceis de acreditar.”

      Simone de Oliveira, actriz:  “Tem dias. Numas vezes sinto que o que ele diz é verdade, noutros não dá para acreditar. A verdade é que todos nós não acreditamos nos políticos. Porquê? Pelas indecisões, inverdades, mentiras escondidas e por aquilo que dizem e não deviam dizer. Tinha de se alterar muita coisa para que passássemos a vê-los com credibilidade.” 

      Sim

      Alípio Dias, ex-administrador do BCP:  “Temos de acreditar. Até prova em contrário, a sua credibilidade não pode ser afectada. Mas estas coisas são todas muito desagradáveis e tudo isto não é nada bom para o país.”

      Francisco Van Zeller, empresário:  “Sim, com todas as reservas possíveis. Mas se não fosse a situação do país, diria que não.”

      Germano Marques da Silva, penalista: “Mantenho a confiança, até prova em contrário. Devido à minha formação jurídica, exijo provas.”

      Luís Nazaré, professor universitário: “Sim, nada aconteceu para que a perdesse.”

      Horácio Roque, presidente do Banif: “Mantenho a confiança no primeiro-
      -ministro, mas estes episódios enfraquecem-no. Tem mostrado uma enorme capacidade de resistência, mas isto não ajuda nada à estabilidade do país, à capacidade de governar e à imagem de Portugal no exterior.”
      João Reis, actor : "A confiança ganha-se com o tempo e com factos. O tempo de Sócrates atingiu o seu limite e os factos, apesar de tantas e malditas encenações, dizem-nos que há muita história mal contada apesar das sistemáticas violações do segredo de justiça. Em suma, dar-lhe-ia mais uma oportunidade, em parte porque acho que a oposição do principal partido é miserável e porque estou cansado de ouvir os profetas da desgraça.”

      Júlio Machado Vaz, psiquiatra:  “O primeiro-ministro tem toda a legitimidade para governar mas a sua credibilidade está seriamente abalada.”

      Soares Franco, Presidente da Opway: "O primeiro-ministro tem-se sabido comportar dignamente relativamente a tudo aquilo que o têm acusado.”

      Joe Berardo, investidor:  “Deus lhe dê forças para continuar o trabalho que está a fazer. Estas coisas da justiça, cada um no seu galho. José Sócrates foi eleito e não vi nada para que eu, pessoalmente, deixe de continuar a confiar nele.”

      João Duque, presidente do ISEG: “Não tenho motivo para deixar de confiar porque nada foi julgado. Até prova em contrário… Mas do ponto de vista económico, Portugal pede um homem com características muito diferentes das de José Sócrates.”

      Eduardo Barroso, médico: “Continua a merecer a minha total confiança. Nunca vi na minha vida uma campanha tão bem organizada para destruir uma pessoa.”

      Luís Pedro Nunes, director do “Inimigo Público”: "Confio. Posso dizer que a minha confiança em Sócrates se mantém inalterada desde que descobri que ele não é de confiança.

      Inês Pedrosa, escritora: “Sim, mas tem de limpar a administração pública desta escandaleiras, negociatas e boys. Tem sido um bom primeiro-ministro mas não tenho gostado nada destas histórias da Face oculta. Precisamos de esclarecimentos cabais de José Sócrates.”
      Miguel Pais do Amaral, presidente do grupo Leya: “Sim porque não acredito na justiça nem nos magistrados.”
      Emídio Rangel, jornalista: Sim, continua a demonstrar qualidades para exercer as funções de primeiro--ministro e a ser um homem determinado e corajoso.”

      Fernando Alvim, humorista: “Sim, porque Sócrates não tem culpa que o tio lhe chame Joselito nas televisões. Mário crespo só está interessado em entrevistar o Lobo Antunes e o Medina Carreira. Para além disso, todos sabemos que na Universidade Independente os cursos de inglês são melhores que os do Wall Street Institute”. 
      Delmiro Carreira, presidente do Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas: “Mantenho a confiança no primeiro-ministro porque é a pessoa indicada para governar o país e ganhou as eleições. Estes factos não afectaram a minha opinião porque nada foi provado.”

      Elvira Fortunato, cientista: “Sim, confio em toda a gente até prova em contrário.”

      General Loureiro dos Santos: “Até agora não há provas que me levem a deixar de ter confiança. Tem havido muitas acusações mas provas não vi nenhuma.”
      Luís Villas-Boas, presidente do Refúgio Aboim Ascenção “Não tenho nenhuma razão objectiva para não confiar no primeiro-ministro enquanto pessoa.”
      Octávio Machado, ex-treinador: “Sim, confio em Sócrates porque ninguém chega a primeiro-ministro com aqueles defeitos todos. Há um grande exagero em tudo o que se tem dito nestes últimos meses.”

      Os cinco erros do primeiro-ministro na entrevista à TVI

      Sócrates vs. realidade

      Os cinco erros do primeiro-ministro na entrevista à TVI

      por Bruno Faria Lopes, Publicado em 04 de Outubro de 2010  |  Actualizado há 2 horas

      http://www.ionline.pt/conteudo/81615-os-cinco-erros-do-primeiro-ministro-na-entrevista--tvi

      Depois de ter apresentado o segundo pacote adicional de austeridade, o primeiro-ministro deu duas entrevistas em dois dias. No sábado teve o exame mais duro – e as respostas nem sempre corresponderam à realidade dos factos ou aos limites do possível. Saiba como os erros de Sócrates afectam o seu bolso.

      Os erros de Sócrates na entrevista à TVI têm impacto directo no seu bolso

      Os erros de Sócrates na entrevista à TVI têm impacto directo no seu bolso Reuters

        1 - “Isso é partir do princípio de que teria sido melhor para o país tomar as medidas em Maio. Eu não estou convencido disso.”

        Não. Atraso nas medidas agravou subida do juros.

        A especulação sobre a dívida portuguesa foi alimentada pela situação da Irlanda e pelos sinais errados que as contas públicas de Portugal foram emitindo. Bancos (Credit Lyonnais, por exemplo) e agências internacionais notaram o atraso português na consolidação orçamental. Espanha tomou medidas e teve recessão e mais desemprego, argumenta o primeiro-ministro. Portugal toma-as agora com maior esforço no PIBdo que em Espanha e com recessão e subida do desemprego à vista. Entretanto, a imagem externa do país e a factura dos juros (paga pelos contribuintes) agravaram-se.

        2 - “Quando as condições de mercado melhorarem nós poderemos renegociar essas colocações de dívida.”

        Não. Portugal não pode renegociar emissões já feitas.

        José Sócrates defende que a factura dos juros da dívida emitida este ano poderá ser renegociada. Não é assim. “Demonstra uma profunda ignorância sobre o financiamento público”, aponta Cantiga Esteves, professor de Finanças no ISEG. As emissões foram feitas e dispersadas em mercado secundário a um juro fixo que não pode ser alterado. O governo poderia recomprar essas obrigações se os juros caíssem, mas pagaria mais por elas (porque quando os juros caem, o preço das obrigações sobe). Não há dúvida: a factura a pagar será mesmo mais alta.

        3 - “Os contribuintes não vão pagar nada porque estes fundos [de pensões da PT] foram provisionados”

        Não. É impossível dar hoje essa garantia aos portugueses.

        Em primeiro lugar, os “cálculos actuariais” de que Sócrates falou são muito falíveis, como “têm demonstrado várias teses de mestrado em Finanças”, diz João Duque, professor de Finanças no ISEG. As taxas de mortalidade usadas estão sempre a mudar (com o aumento da longevidade) – esta é uma realidade dinâmica e o provisionamento feito pela PT pode não chegar. Segundo: o Estado vai gastar já o dinheiro que recebe da PT e terá mais tarde de taxar os portugueses para pagar as pensões. É um empréstimo que a PT (que propôs o negócio ao Estado) faz: a que taxa de juro? Não se sabe.

        4 - “O facto de a nossa economia estar agora mais robusta dá mais garantias de que apesar destas medidas continuará a crescer”

        Sócrates invoca o crescimento de 1,4% até Junho para defender a capacidade da economia de aguentar a austeridade orçamental. Está sozinho nessa análise. Economistas portugueses (da esquerda à direita) e estrangeiros (FMI, “Economist”, Barclays, etc.) apontam para uma recessão em 2011, indicando bloqueios estruturais ao crescimento. E depois de 2011? Jorge Coelho, do PS, explica ao i: “Isto não é problema que se resolva em dois ou três anos. Só se o défice baixar e a economia internacional animar é que podemos pensar em levantar voo. Mesmo assim, será um voo muito baixinho.”

        5 - “Quando um governo diz que congela as pensões quer dizer que todos os pensionistas receberão em 2010 o que recebiam em 2009”

        O chefe de governo fala da decisão de congelar as pensões, mas deixa de fora uma medida do seu governo: “Convergência da tributação dos rendimentos da categoria H [pensões de reforma] com regime de tributação da categoria A [trabalho]”. Por outras palavras: num ano de congelamento da prestação, o governo vai agravar a tributação de IRS sobre as pensões de reforma, aproximando-a do nível taxado aos rendimentos do trabalho. Na prática, haverá por isso uma redução real no valor das reformas, acrescido do desgaste provocado pela inflação.

        Aumento de impostos 2010

        Análise

        Seis em cada dez euros do esforço de contenção orçamental serão pagos por toda a população

        http://economia.publico.pt/Noticia/seis-em-cada-dez-euros-do-esforco-de-contencao-orcamental-serao-pagos-por-toda-a-populacao_1458905

        01.10.2010 - 07:12 Por João Ramos de Almeida

        Seis em cada dez euros da contenção orçamental em 2011 vão ser pagos pela generalidade da população. Mas os pensionistas e os funcionários públicos vão ser duplamente penalizados.

        <p>IVA vai penalizar mais os pobres</p>

        IVA vai penalizar mais os pobres

        (Foto: Fernando Veludo/NFactos/arquivo)

        O Estado retrairá a sua actividade pagando três dos dez euros. E as empresas, banca, detentores de maiores rendimentos e investidores mobiliários pagarão o euro que falta para o "bolo" anunciado.
        Esta é a forma como se vai repartir a factura do ajustamento orçamental, obtida dos três pacotes de medidas. Primeiro, o Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC) de Março passado, as medidas adicionais de Maio (PEC II) e as medidas mais duras de contenção agora conhecidas.
        A opção do Governo de concentrar o esforço em certos estratos sociais explica-se talvez porque, em tempos de emergência, é sempre mais fácil e mais rápido cobrar onde se sabe que há recursos de massa. Algo que se traduz na ideia comum de que "quem paga são sempre os mesmos".
        Mas dessa opção resulta uma certa perversidade. Se, como afirmou o primeiro-ministro, as medidas são tomadas em defesa do Estado social, quem está a pagá-la são precisamente os seus beneficiários, o que contradiz a sua essência distributiva, contribuindo para reduzir a equidade social.
        Acresce que este tipo de opção arrisca-se a ter reflexos na actividade económica. Os preços vão subir empurrados por um novo agravamento do IVA, em cima do que se começou a sentir desde Julho passado. E essa perda de poder de compra coincide com um corte nos rendimentos - por via dos cortes salariais e aumento de descontos na função pública, da limitação nas deduções à colecta de IRS para educação, saúde, etc., da redução dos apoios sociais e ainda no custo do crédito (ver quadro).
        Ora, a verificar-se esse choque, os dados da crise de 2009 mostram que quando a produção estanca, são os assalariados de mais baixos rendimentos e de contratos mais frágeis que são afectados em primeiro lugar. Mesmo aceitando a opinião oficial de que o mercado de trabalho está a recuperar, é de esperar que as condições dos assalariados mais desfavorecidos voltem a degradar-se.
        O efeito do IVA a 23%
        O esforço pedido à generalidade dos assalariados e pensionistas - que já pagam a quase totalidade do IRS - não é compensado por outro tipo de rendimentos.
        São ainda os contribuintes de IRS dos escalões mais elevados que irão pagar sete por cento da factura, graças às deduções à colecta e a um novo escalão de IRS com a taxa de 45 por cento. Mas as empresas pouco contribuirão (cinco por cento do total) e desconhece-se quanto se cobrará à actividade bancária.
        O Governo anunciou que entre o aumento do IVA e esse novo imposto, o Estado arrecadará mil milhões de euros. Mas a maior parte dessa quantia deverá ser a cobrança do IVA. O Ministério das Finanças não quis adiantar um número.
        Finalmente, o Estado - já exceptuando os custos com o pessoal - vai atarraxar bruscamente a torneira em 2011. Entre cortes no funcionamento, racionalização de despesas, limitação de transferências para autarquias e regiões autónomas, corte nas despesas de investimento e de encargos para a ADSE, serão cerca de 3300 milhões de euros gastos a menos em 2011.
        Um sacrifício que, para Governo, poderá ser compensado pela descida das taxas de juro nos mercados. Algo a seguir nos próximos dias.

        Os abonos dados às famílias nos escalões mais baixos vão sofrer um corte de 25 por cento

         

        Estado encaixa 250 milhões de euros com os cortes no abono de família a 1 milhão e 383 mil crianças e jovens

        http://economia.publico.pt/Noticia/estado-encaixa-250-milhoes-de-euros-com-os-cortes-no-abono-de-familia-a-1-milhao-e-383-mil-criancas-e-jovens_1458906

        01.10.2010 - 07:23 Por Raquel Martins

        Até ao final do ano, cerca de um milhão e 383 mil crianças e jovens vão perder ou sofrer cortes no abono de família. A medida faz parte do pacote de austeridade ontem apresentado pelo Governo e permitirá ao Estado encaixar 250 milhões de euros.

        O corte do abono afectará os beneficiários cujas famílias estão nos patamares mais elevados (4.º e 5.º escalões) e que são 383 mil, enquanto a redução de 25 por cento afectará perto de um milhão de crianças e jovens em idade escolar que estavam nos dois primeiros escalões de família e que em 2008 tiveram um aumento extraordinário de precisamente 25 por cento.
        Estas mudanças agora anunciadas vêm juntar-se às que entraram em vigor em Julho e Agosto, na sequência das medidas adicionais ao Programa de Estabilidade e Crescimento, nomeadamente os novos critérios que restringem o acesso às prestações sociais não contributivas e a definição de um tecto para as despesas com prestações sociais.
        A medida é uma das que entram em vigor até ao final do corrente ano e que irão contribuir para a redução das despesas públicas, mas as medidas mais dolorosas vão ocorrer a partir de Janeiro de 2011 e dirigem-se à generalidade dos portugueses.
        Desde logo, todas as pensões - mínimas, de velhice e de sobrevivência - ficarão congeladas. Ao todo, perto de dois milhões de pensionistas do regime geral da segurança social e 429 mil aposentados da função pública verão o seu poder de compra congelado e, muito provavelmente, reduzido face à subida dos preços que se avizinha, fruto do aumento do IVA de 21 para 23 por cento.
        Esta é outra medida que afectará a generalidade da população portuguesa, agravada pelo facto de o Governo prometer também uma revisão das tabelas deste imposto sobre o consumo e que poderá levar a que alguns produtos passem a ser taxados pelo máximo.
        450 mil atingidos
        As medidas apresentadas prevêem ainda uma redução inédita na massa salarial da função pública. Os salários de 450 mil trabalhadores dos serviços da administração central, local e regional e das empresas públicas sofrerão reduções que vão oscilar entre os 3,5 e os 10 por cento. A medida apanhou os trabalhadores desprevenidos e junta-se ainda ao congelamento das progressões e promoções e à redução das ajudas de custo.
        Ainda este ano, aumentam os descontos para a Caixa Geral de Aposentações. Serão afectados 603.840 trabalhadores do sector público, que vão descontar 11 em vez de 10 por cento já este ano, permitindo reduzir o défice do organismo que gere as reformas dos funcionários públicos.

         

        O comportamento da economia no próximo ano é uma incógnita

        Economia vai resistir à austeridade ou mergulhar na recessão? A resposta está lá fora

        http://economia.publico.pt/Noticia/economia-vai-resistir-a-austeridade-ou-mergulhar-na-recessao-a-resposta-esta-la-fora_1458907

        01.10.2010 - 07:26 Por Ana Rita Faria

        Um grande ponto de interrogação. Com as novas medidas de austeridade anunciadas pelo Governo, o comportamento da economia no próximo ano é, para já, uma incógnita.

        Pode resistir, ainda que debilmente, ao impacto da consolidação orçamental. Mas o risco de vir a entrar em recessão existe, sobretudo quando a evolução económica em 2011 parece estar demasiado dependente de um factor do qual já vivemos demasiado dependentes: o contexto internacional e, nomeadamente, europeu.
        "Não apenas corremos o risco de voltar a entrar em recessão em 2011 como me parece muito provável", considera o economista Daniel Bessa. O antigo ministro da Economia no Governo de António Guterres não percebe de onde poderá vir a procura no próximo ano: "Das famílias, com o emprego a descer, os salários a descer e a carga fiscal a aumentar? Do Estado, apostado em reduzir a despesa? Virá do investimento das empresas? Parece-me pouco provável, sobretudo atentas as condições de financiamento de toda a economia portuguesa, tão adversas."
        O próprio primeiro-ministro disse ontem no Parlamento que, embora o Governo tenha vindo a rever em alta a previsão de crescimento para 2010 (de 0,7 para uns vagos "mais de um por cento"), iria manter inalterada a estimativa de crescimento para o próximo ano nos 0,5, "contando já com os efeitos recessivos das medidas [de austeridade]". Mas o cenário pode ser bem menos animador.
        Dois estudos, um do Barclays Capital e outro da Ernst & Young, ontem divulgados, afirmam que a economia portuguesa arrisca-se a mergulhar de novo na recessão em 2011. O banco caracteriza como "draconiano" o aperto orçamental e a consultora alerta que a economia deverá cair já nos últimos dois trimestres de 2010.
        "É evidente que medidas tão fortes poderão ter graves efeitos negativos", considera o economista João César das Neves. Para o docente, o risco de recessão existe e "o elemento que nos pode salvar disso é a situação internacional, que, se melhorar bastante e tiver um impacto elevado, poderá impedir uma recaída por cá".
        Cristina Casalinho, economista-chefe do BPI, considera também que, "no próximo ano, estaremos ainda mais dependentes dos nossos parceiros europeus", mas será precisamente a procura externa que pode trazer algum alívio à economia. Em contrapartida, o consumo privado, que representa 63 por cento da economia, tenderá a retrair-se devido à perda de poder de compra, decorrente não só do aumento dos preços (por via da subida do IVA) mas também da redução dos salários da função pública, que tenderão a pressionar negativamente os vencimentos do privado.
        Para Cristina Casalinho, a grande interrogação continua a ser o investimento privado, "a variável que, nos últimos anos, tem sido mais difícil de antecipar e tem surpreendido muitas vezes pela negativa". A economista destaca que o crescimento do início deste ano, e que já abrandou no segundo trimestre (ver gráfico), foi fruto de condições muito particulares. Além de comparar com um período homólogo de queda muito abrupta, conviveu com a retoma da compra de automóveis e uma certa folga dos orçamentos familiares devido às taxas de juro, que, daqui para a frente, deixarão de estar em níveis tão baixos.

         

        O Governo parece querer garantir margem de manobra

        Medidas chegariam para colocar o défice em 3,3 por cento

        http://economia.publico.pt/Noticia/medidas-chegariam-para-colocar-o-defice-em-33-por-cento_1458909

        01.10.2010 - 07:33 Por Sérgio Aníbal

        As medidas de austeridade apresentadas permitiriam, caso o seu impacto fosse o calculado pelo Governo e os restantes itens da despesa e receita mantivessem inalterado o seu peso no PIB, colocar o défice público em 3,3 por cento em 2011, um valor bastante abaixo dos 4,6 por cento prometidos a Bruxelas.

        Considerando as medidas previstas no primeiro PEC do ano passado, em Março, no denominado PEC II, no passado mês de Maio, e no plano dado a conhecer na quarta-feira, é antecipado um impacto de redução do défice, quer do lado da receita, quer da despesa, de 1,2 por cento do PIB em 2010 e de 6,7 por cento do PIB em 2011. Isto significa que, entre um ano e o outro, haveria, por força das medidas de austeridade apresentadas, um ganho de 5,5 pontos percentuais.
        Partindo do princípio que, em 2010, como tem sido repetido pelo Governo, será atingido um défice de 7,3 por cento, torna-se claro que as medidas apresentadas chegariam para cumprir o objectivo de 2011, caso a evolução dos restantes itens da despesa e da receita seguissem a evolução da economia.
        É verdade que é preciso levar em conta que, em 2010, o défice é claramente beneficiado pelo facto de se transferirem 2600 milhões de euros do fundo de pensões da PT para o sistema de Segurança Social. Isto significa que o Governo, durante este ano, apesar de várias vezes no decorrer das últimas semanas ter garantido que as contas estavam dentro do planeado, estaria a caminho, sem o fundo da PT, não de uma correcção do défice de dois pontos percentuais para 7,3 por cento, mas sim de uma diminuição de apenas meio ponto para 8,8 por cento.
        Um dos problema das receitas extraordinárias é que, por definição, não são repetíveis. Em 2011, o Governo não terá outro fundo de pensões da PT para transferir (eventualmente poderá vir a ter fundos do sector bancários). E por isso, o esforço de redução do défice que terá de fazer não será da passagem dos 7,3 para 4,6 por cento, mas sim de 8,8 para 4,6 por cento. São 4,2 pontos percentuais do PIB ou 7350 milhões de euros.
        A avaliar pelas medidas que o Governo tem vindo a apresentar nos seus planos de austeridade e nas avaliações de impacto feitas, essa verba estaria garantida por uma larga margem. Com um ganho previsto de 5,5 pontos do PIB, ou 9600 milhões de euros, o défice chegaria, caso todos os outros indicadores seguissem uma evolução considerada normal, aos 3,3 por cento, colocando Portugal à porta do cumprimentos das regras orçamentais da UE, um ano antes do prometido.
        Medo da recessão?
        Há várias hipóteses para explicar esta dimensão tão grande das medidas. Por um lado, o Governo pode estar, face à pressão de que tem sido alvo, a querer mostrar serviço aos mercados e às autoridades europeias, avançando com um pacote de medidas que não deixe qualquer margem de dúvidas quanto à capacidade do país para cumprir os objectivos.
        Por outro lado, pode haver entre os membros do executivo o receio de que as próprias medidas anunciadas venham a ter um efeito tal na economia que acabem por ter, além dos impacto positivos previstos no défice, também efeitos negativos.
        Esta é uma das principais críticas feitas ao plano do Governo por aqueles que não acreditam que uma política de austeridade ao estilo do FMI possa resolver os problemas orçamentais de um país que está já à beira da recessão.
        Se a economia se ressentir do efeito recessivo das medidas de austeridade e tiver um desempenho mais fraco do que o previsto pelo Governo (ver texto da página 8), o regresso à recessão, a quebra do consumo, do investimento, dos rendimentos e do emprego levariam a que se registasse uma evolução da receita fiscal inferior ao previsto e um agravamento das despesas de carácter social.
        Nesse caso, as poupanças realizadas teriam, para se cumprir o objectivo de défice, de ser ainda maiores. É por isso que vários economistas têm previsto que não estamos ainda perante o último plano de austeridade deste Governo.

         

        Proposta de Orçamento para 2011

        Trabalhadores Social-Democratas solidários com contestação às medidas do Governo

        http://economia.publico.pt/Noticia/trabalhadores-socialdemocratas-solidarios-com-contestacao-as-medidas-do-governo_1458999

         

        01.10.2010 - 13:55 Por Lusa

        Os Trabalhadores Social-Democratas (TSD) declararam-se hoje “solidários” com as medidas das organizações sindicais para contestar o “pacote de austeridade” que penaliza os trabalhadores e introduz “tendências recessivas na economia”.

         

        uestionado sobre a adesão à greve geral convocada pela CGTP para o dia 24 de Novembro, o dirigente dos TSD Pedro Roque destacou que esta organização está “solidária com as medidas” das restantes organizações dos trabalhadores e criticou “as contradições” do Governo.
        “O Governo ganhou as eleições com base num cenário cor-de-rosa, afastou as hipóteses de redução salarial e, de um momento para o outro, surge um pacote brutal [de medidas] que penaliza os trabalhadores e introduz tendências recessivas na economia”, salientou.
        Para Pedro Roque, “o PEC II [medidas de austeridade anunciadas em Maio] seria suficiente se tivesse sido cumprido”, mas a “política económica do Governo não inspira confiança nos investidores e nos mercados e faz com que a despesa seja galopante”.
        O Governo anunciou, na quarta-feira, um conjunto de medidas de austeridade com o objectivo de consolidar as contas públicas, que incluem, por exemplo, um corte de salários de cinco por cento na Função Pública para remunerações acima de 1500 euros brutos, o congelamento das pensões em 2011 e o aumento em dois pontos percentuais do IVA, que passará a ser de 23 por cento.
        O dirigente dos TSD considerou, no entanto, que “a cura pode ser de tal maneira que pode fazer com que o doente não sobreviva”, acrescentando que as novas medidas de austeridade vão tornar mais difícil qualquer tipo de retoma económica.

         

         

        Os salários da função pública dão a maior ajuda ao corte

        Função pública, pensões e IVA a 23% pagam défice de 2011

        http://economia.publico.pt/noticia/funcao-publica-pensoes-e-iva-a-23-pagam-defice-de-2011_1458747

        30.09.2010 - 07:25 Por João Ramos de Almeida, Raquel Martins

        Os funcionários públicos e os pensionistas foram os alvos escolhidos pelo governo para conseguir reduzir o défice do Estado em 2011.

        <p>José Sócrates e Teixeira dos Santos ao anunciarem o pacote de austeridade</p>

        José Sócrates e Teixeira dos Santos ao anunciarem o pacote de austeridade

        (Foto: Nuno Ferreira Santos)

        No próximo ano, os salários da função pública acima dos 1500 euros terão cortes entre os 3,5 e os 10 por cento, uma medida inédita em Portugal, e todas as pensões ficarão congeladas. Nos impostos, o IVA passa de 21 para 23 por cento e o Governo avança com o corte das deduções no IRS.
        As medidas foram anunciadas ontem pelo primeiro-ministro, José Sócrates, e pelo ministro das Finanças, Fernando Teixeira dos Santos, no final da reunião do conselho de ministros para aprovar as linhas gerais do Orçamento do Estado para 2011 e um conjunto de medidas adicionais destinadas a e garantir que o défice deste ano cai mesmo para 7,3 por cento.
        O primeiro-ministro, que até aqui tinha evitado mexer nos salários na função pública, reconheceu que "não é possível uma redução imediata e efectiva da despesa sem uma redução na despesa com pessoal" e anunciou um corte de cinco por cento na massa salarial da Administração Pública e que se traduzirá numa redução de 3,5 por cento para os salários entre os 1500 e os dois mil euros ilíquidos e em reduções progressivamente mais altas nos escalões seguintes, até aos 10 por cento nos os salários mais elevados. A medida é válida para 2011 e vai manter-se no futuro, como fez questão de esclarecer o ministro das Finanças
        Mas os cortes na função pública não ficam por aqui. As promoções e progressões ficarão congeladas, as ajudas de custo e as horas extraordinárias sofrerão reduções e, já este ano, a contribuição dos trabalhadores para a Caixa Geral de Aposentações aumenta um ponto percentual (de 10 para 11 por cento, passando a ser igual ao regime geral da Segurança Social). Será também proibida a acumulação de vencimentos públicos com pensões.
        O sector privado também não escapa ao esforço de contenção do Estado. Outra das medidas que permitirá ao Estado poupanças significativas é o congelamento de todas as pensões no próximo ano, sejam do sector público, sejam do Estado. Em condições normais, este ano, as pensões até 629 euros, e que são a maioria, teriam um aumento igual à inflação apurada no final de Novembro (em Agosto foi de dois por cento). O Governo pretende ainda congelar 20 por cento das despesas com rendimento social de inserção e já em 2010 promete eliminar o aumento extraordinário de 25 por cento dos primeiros escalões do abono de família e eliminar os mais elevados.
        Na prática, dois terços da consolidação orçamental a realizar em 2011 serão conseguidos à custa das medidas de corte da despesa, e que permitirão ao Estado encaixar 3,4 mil milhões de euros. Teixeira dos Santos, já no final da apresentação das medidas, lançou um desafio aos partidos da oposição: "Se não querem que se aumentem os impostos, desafio quem acha que se deve cortar mais na despesa a dizer em que mais é que se pode cortar para evitar aumentar impostos".
        IVA e deduções fiscais
        É que o outro terço da consolidação está nos impostos. O Governo adoptou medidas de forte impacto, mas com algum efeito diluído.
        A primeira é um aumento da taxa normal de IVA que passa de 21 para 23 por cento. Mas o Governo promete que vai rever e sistematizar as tabelas de IVA e isso poderá implicar aumento substanciais dos preços de alguns bens. No anúncio das medidas adicionais ao PEC, em Maio passado, o primeiro-ministro lembrou que não fazia sentido a Coca-Cola ser taxada com uma taxa reduzida de IVA, por não ser um produto básico. E poderá haver outros produtos que passem de uma tabela de taxa reduzida para uma taxa normal. Desconhece-se o que acontecerá à taxa intermédia de IVA, criada sobretudo para a restauração e que ainda goza de um regime transitório.
        A segunda medida mais importante estava já prevista do PEC anunciado em Março passado. Trata-se de limitar o uso de deduções à colecta de IRS (saúde, educação, etc.) e de benefícios fiscais. A sua aplicação acabou por provocar disputa com o PSD que considera tratar-se de um aumento de impostos.
        Em terceiro lugar, o Governo vai aprovar - mais uma vez sem especificar - um "imposto sobre o sector financeiro", à semelhança do que está a ser aprovado na União Europeia.
        Quanto espera o Governo receber com estes aumentos? Em termos globais, o valor anunciado foi de 1700 milhões de euros. Mas não são adiantadas receitas para cada uma das medidas.
        No total, o Governo precisa de 4400 milhões de euros para passar o défice de 7,3 para 4,6 por cento em 2011. Com as medidas de ontem, consegue mais 5250 milhões. E no PEC II, o ganho já era de 2400 milhões para 2011. Medidas a mais, ou consolidação a menos nas outras áreas? Um dos problemas do Governo é que em 2010, sem a ajuda do fundo da PT (ver caixa ao lado) - que não se repetirá em 2011 -, o défice seria, não de 7,3, mas sim de 8,7 por cento. E por isso, o esforço em 2011 terá de ser bastante maior.

        Pacote de austeridade do Governo

         

        Corte nos salários abrange 450 mil funcionários do Estado

        http://economia.publico.pt/noticia/corte-nos-salarios-abrange-450-mil-funcionarios-do-estado_1458852

        30.09.2010 - 19:23 Por Lusa

        Cerca de 450 mil trabalhadores do Estado vão sofrer cortes salariais no âmbito das medidas de austeridade anunciadas pelo Governo na quarta-feira, que prevêem uma redução de 5 por cento da massa salarial total da função pública.

        ()

        De acordo com o secretário de Estado da Administração Pública, Gonçalo Castilho dos Santos, “o universo de trabalhadores com remunerações ilíquidas [portanto, ordenado bruto] totais acima dos1.500 euros/mês é de cerca de 350 mil trabalhadores em funções públicas e 100 mil trabalhadores do sector público empresarial”.
        Em declarações à Lusa, o governante esclareceu que a medida anunciada pelo Governo inclui institutos públicos e entidades reguladoras e abarca também o setor público empresarial, “iniciando-se nos próximos dias o ciclo legalmente exigido de negociação colectiva sobre estas medidas”.
        Os cortes iniciam-se nos 3,5 por cento, para os trabalhadores com salários brutos acima dos 1.500 euros, e vão até aos 10 por cento, conforme a remuneração..
        O congelamento das pensões em 2011 e o aumento em dois pontos percentuais do IVA, que passará a ser de 23 por cento são outras das medidas. As restantes taxas do IVA também vão ser revistas.

         

         

         

        O grande problema do país “é o crescimento”

        Eduardo Catroga: medidas para 2011 são de má qualidade e não serão as últimas

        http://economia.publico.pt/noticia/eduardo-catroga-medidas-para-2011-sao-de-ma-qualidade-e-nao-serao-as-ultimas_1458795

        30.09.2010 - 11:30 Por Lusa

        O ex-ministro das Finanças de Cavaco Silva Eduardo Catroga classificou hoje as medidas apresentadas ontem pelo Governo como de “má qualidade em termos de crescimento económico”, e advertiu que não vão ser “as últimas”.

        <p>O ex-ministro das Finanças fala de medidas “sem uma estratégia económica para o país”</p>

        O ex-ministro das Finanças fala de medidas “sem uma estratégia económica para o país”

        (Daniel Rocha/ arquivo)

        Em declarações à Lusa, Eduardo Catroga teceu várias críticas às medidas de austeridade económica apresentadas pelo primeiro ministro e pelo ministro das Finanças, que considerou “cegas”.
        São medidas “tomadas em estado de necessidade”, “sem uma estratégia económica para o país”, sem a preocupação em “redefinir prioridades na despesa pública corrente e na despesa pública de investimento”, classificou Eduardo Catroga.
        Isto porque, sublinhou, “o investimento público é necessário” e “um plano de austeridade tem de obedecer a uma estratégia económica, porque o grande problema do país é o crescimento económico”.
        Entre as medidas anunciadas por José Sócrates está a redução nos salários da Função Pública com valor acima dos 1500 euros, o congelamento das pensões, promoções e progressões de carreira, e a redução dos contratos a prazo.
        O IVA é aumentado de 21 para 23 por cento, o investimento público é congelado até ao fim do ano e as empresas vão pagar mais impostos em 2011, estando a ser preparada uma revolução no regime de benefícios fiscais em sede de IRC.
        Para Eduardo Catroga, “o Governo demorou tempo a perceber que o mundo tinha mudado” e, “face à irresponsabilidade política acumulada ao longo dos últimos 10/15 anos”, criou-se “um nível de endividamento público directo e indirecto explosivo”.
        Crítico em relação aos efeitos na redução da despesa esperados pelo Governo, Eduardo Catroga é taxativo:”Não estaria a falar a verdade se dissesse que são as últimas medidas de redução da despesa pública. Infelizmente, não vão ser”.
        Segundo Catroga, Portugal precisa “de um Estado eficiente e que seja sustentável e este não é uma coisa nem outra”, pelo que é “preciso simplificar estruturas, simplificar a organização do Governo, simplificar a Assembleia da República, reduzir, optimizar direcções-gerais, institutos, empresas municipais, regionais”, defendeu.
        Alterar estrutura da carga fiscal
        Quanto ao aumento de impostos, é uma medida que merece também críticas por parte do economista, que defende ser sim necessário “alterar a estrutura” da carga fiscal.
        “Precisamos de uma reforma fiscal que mexa no peso relativo dos vários impostos e não que aumente a carga fiscal”, sob pena de se penalizar o estímulo à economia, alertou.
        “Até a OCDE, no relatório [apresentado esta semana], na parte que o Governo não lhe interessou salientar, fala na necessidade” de, “a ponderarem-se aumentos de impostos sobre o consumo, [estes] devem ser acompanhados de reduções de contribuições das empresas para a segurança social” de forma a “baixar os custos de produção, estimular as exportações” e “a criação de emprego”, sustentou.
        “Em resumo, foram tomadas tarde e a más horas e são de má qualidade, em termos de crescimento económico”, concluiu Eduardo Catroga.

         

         

         

        Pedidas "há muito tempo"

        Bruxelas elogia medidas de austeridade do Governo português

        http://economia.publico.pt/noticia/bruxelas-elogia-medidas-de-austeridade-do-governo-portugues_1458762

        30.09.2010 - 08:44 Por Lusa

        O comissário europeu dos assuntos económicos, Olli Rehn, saudou hoje o anúncio feito pelo Governo português das novas medidas de austeridade afirmando que Bruxelas já as estava a pedir “há muito tempo”.

        O comissário europeu falou hoje à agência Lusa, em Bruxelas, antes da reunião dos ministros das Finanças da Zona Euro, que conta com a presença do ministro português Teixeira dos Santos, afirmando que as medidas anunciadas pretendem “estabilizar as finanças públicas” portuguesas.
        O comissário avançou estar ainda a “estudar os detalhes, para depois fazer uma análise mais aprofundada muito em breve”.
        O responsável europeu adiantou que estas medidas de austeridade, anunciadas pelo primeiro ministro e pelo ministro das Finanças na quarta feira, após um conselho de ministros extraordinário, vão “certamente na direção certa”.
        Olli Rehn defendeu ainda que “todos aqueles que acompanham a reação dos mercados, devem estar preocupados com os desenvolvimentos recentes na divida soberana em países como Portugal”.
        O responsável dos assuntos económicos concluiu que “foi essencial que o Governo tivesse agora tomado as medidas”.

         

         

        Teixeira dos Santos perspectiva congelamentos no sector privado

        Ministro das Finanças afasta aumento de salário mínimo

        http://economia.publico.pt/noticia/ministro-das-financas-afasta-aumento-de-salario-minimo_1458822

        30.09.2010 - 14:31

        O ministro das Finanças considerou hoje, em Bruxelas, ser “difícil” que haja aumentos salariais no sector privado, nomeadamente no salário mínimo, tendo em consideração as medidas que deverão ser aplicadas no sector público da economia.

        <p>O acordo entre o Governo e os parceiros sociais prevê que o salário mínimo passe para 500 euros em 2011</p>

        O acordo entre o Governo e os parceiros sociais prevê que o salário mínimo passe para 500 euros em 2011

        (Daniel Rocha/ arquivo)

        “Na minha opinião vejo difícil que se justifiquem aumentos de salários no sector privado face àquilo que está a ser feito no sector público”, respondeu Fernando Teixeira dos Santos depois de questionado sobre se lhe parecia realista aumentar o salário mínimo.
        O ministro fez esta declaração no final de uma reunião dos ministros das Finanças da zona euro.
        O acordo tripartido, entre os Governo e os parceiros sociais, sobre o salário mínimo nacional, estabelecido em 2006, prevê que esta remuneração passe para os 500 euros em 2011, mas as confederações patronais defendem que não se cumpra por falta de condições nas empresas.
        O Governo anunciou ontem um conjunto de medidas de austeridade com o objectivo de consolidar as contas públicas. Entre essas medidas estão o corte de salários de cinco por cento na massa salarial da Função Pública, o congelamento das pensões em 2011 e o aumento em dois pontos percentuais do IVA, que passará a ser de 23 por cento. As restantes taxas do IVA também vão ser revistas.
        O Executivo de Sócrates decidiu congelar os investimentos públicos, cortar os benefícios sociais e também os benefícios fiscais das empresas e criar um imposto sobre o sector financeiro.
        Estas medidas têm de ser aprovadas na Assembleia da República para entrarem em vigor.

         

         

         

        Fundo de pensões vai para o Estado

        PT salva défice

        http://economia.publico.pt/noticia/pt-salva-defice_1458749

        30.09.2010 - 07:37 Por Ana Brito

        A Portugal Telecom (PT) vai voltar a salvar as contas públicas.

        Se em 2002 foi com a venda à PT da rede básica de telecomunicações do Estado (por 365 milhões de euros, quando o valor contabilístico da infra-estrutura era superior a 2.000 milhões), que a ex-ministra das Finanças Manuela Ferreira Leite conseguiu conter o défice orçamental, este ano será a transferência do fundos de pensões da PT Comunicações para o Estado que deverá permitir a Teixeira dos Santos cumprir o limite dos 7,3 por cento.
        Se ainda no início deste ano José Sócrates criticava Ferreira Leite no Parlamento pelo recurso à "manigância das receitas extraordinárias" para maquilhar o défice orçamental - tal como criticou em tempos o ex-ministro Bagão Félix pela transferência, em 2005, dos fundos de pensões da CGD para a Caixa Geral de Aposentações - parece claro que as reservas do Executivo em relação às receitas extraordinárias parecem ter sido postas de parte.
        A PT diz que ainda está "em conversações com o Estado", mas o Governo já dá como certa a transferência de 2.600 milhões de euros para ajudar a abater o défice. Uma quantia que permitirá "cobrir a baixa execução das receitas não fiscais e os custos pela aquisição de dois submarinos contratados em 2009", explicou ontem o ministro das Finanças.
        A receita gerada será inscrita na execução orçamental deste ano, confirmou Teixeira dos Santos, referindo que a transferência foi "uma solicitação" da PT. Solicitação ou acaso feliz, seja como for, certo é que o encaixe gerado com a venda da brasileira Vivo (7.500 milhões de euros) dá à PT a flexibilidade para cobrir integralmente as responsabilidades do fundo, avaliadas em Dezembro de 2009 em 2.591 milhões de euros.
        Na prática, até ao final do ano a operadora deverá injectar no fundo - que tinha, em Dezembro, activos avaliados em 1.844 milhões de euros -, cerca de 750 milhões de euros para que à data da transferência este esteja "limpo", ou seja, sem défice. Por outras palavras, passam para o Estado as responsabilidades do fundo, mas também o dinheiro equivalente a esses encargos.
        Mas, num cenário em que a sustentabilidade do sistema de pensões é um risco, o impacto deste tipo de operações levanta sempre dúvidas. Ana Brito

         

        Reacção a apresentação de medidas de austeridade

        PSD apela ao Governo para que reconsidere novo aumento de impostos

        http://www.publico.pt/Pol%EDtica/psd-apela-ao-governo-para-que-reconsidere-novo-aumento-de-impostos_1458713?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed%3A+PublicoRSS+%28Publico.pt%29

        29.09.2010 - 21:40 Por Lusa
        O PSD apelou hoje ao Governo para que reconsidere o novo aumento de impostos hoje anunciado e manifestou-se “disponível para apreciar” o Orçamento do Estado para 2011 quando este for apresentado no Parlamento.
        Nogueira Leite diz que a sede de discussão das medidas apresentadas será o parlamento (Sérgio Azenha (arquivo))

        Apelamos ao Governo para que reconsidere este novo e gravoso aumento de impostos”, declarou o conselheiro nacional social democrata António Nogueira Leite, na sede nacional do PSD, em Lisboa.

        Falando em nome do PSD, Nogueira Leite afirmou: “Registamos as novas e muito duras medidas de contenção da despesa. O PSD nunca rejeitou que apoiaria um Orçamento que desse primazia ao ajustamento pelo lado da despesa. E mantém, como sempre manteve, essa sua posição”.

        “Reiteramos também que consideramos um mau princípio recorrer a sucessivos aumentos de impostos”, pondo famílias e empresas a “pagar a inoperância do Governo na gestão da coisa pública”, acrescentou.

        O social-democrata, que não respondeu a perguntas dos jornalistas, rematou que “o PSD está disponível para apreciar as matérias que constaram da factura hoje apresentada aos portugueses, em sede própria, no Parlamento”.

        “Só o fará quando se tratar do Orçamento e não de um enunciado de medidas”, disse.

        O Governo anunciou hoje que a sua proposta de Orçamento do Estado para 2011 vai incluir medidas de aumento da receita, incluindo a subida da taxa máxima do IVA de 21 para 23 por cento, e de corte da despesa como o corte dos salários dos funcionários públicos.

         

         

        Pacote de medidas anunciado hoje

        Sócrates: medidas de austeridade só foram tomadas porque não restava qualquer outra alternativa

        http://www.publico.pt/Pol%EDtica/socrates-medidas-de-austeridade-so-foram-tomadas-porque-nao-restava-qualquer-outra-alternativa_1458712?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed%3A+PublicoRSS+%28Publico.pt%29

        29.09.2010 - 21:36 Por Lusa
        O primeiro-ministro, José Sócrates, afirmou hoje que só agora tomou medidas de corte de salários e de novos aumentos de impostos quando entendeu em consciência que não lhe restava qualquer outra alternativa.

        José Sócrates falava no final do Conselho de Ministros, depois de ter sido interrogado se as medidas de redução do défice agora tomadas pelo Governo não surgem com quatro meses de atraso.

        “Não tomámos estas medidas de ânimo leve, porque exigem uma grande decisão por parte daqueles que têm responsabilidades”, começou por argumentar o líder do executivo.

        “Estas medidas só são tomadas quando um político entende em consciência que não há nenhuma outra alternativa. Foi essa a conclusão a que cheguei agora e não em maio”, justificou José Sócrates.

        Ainda de acordo com o primeiro ministro, em maio passado, “a economia portuguesa estava a recuperar -- como ainda está a recuperar, porque apresentámos já crescimento económico este ano. Ora, era muito importante que nenhuma medida pudesse afetar esse crescimento económico de forma intensa”.

        “Em 2011, Portugal tem pela frente um dos mais sérios e exigentes esforços orçamentais pela frente, já que precisamos de reduzir o nosso défice de 7,3 por cento para 4,6 por cento”, referiu.

        Para José Sócrates, esta trajetória de consolidação orçamental “é dos maiores entre todos os países europeus”.

        “No final de 2011, pretendemos ter o mesmo nível de défice que a Alemanha prevê para nos afastarmos em definitivo do conjunto dos países muito afetados pelos mercados financeiros. É essa a razão que nos leva agora a tomar estas medidas”, salientou o líder do executivo.

        Neste contexto, o ministro de Estado e das Finanças, Teixeira dos Santos, complementou que o Governo não podia ignorar as dificuldades de financiamento que a economia portuguesa tem vindo a atravessar, em particular desde a agudização da situação na Irlanda, que estará a gerar um efeito em cadeia.

         

         

        O país não é só o Governo, diz ministro das Finanças

        Teixeira dos Santos desafia oposição a apresentar cortes adicionais na despesa para evitar aumento de impostos

        http://www.publico.pt/Pol%EDtica/teixeira-dos-santos-desafia-oposicao-a-apresentar-cortes-adicionais-na-despesa-para-evitar-aumento-de-impostos_1458710?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed%3A+PublicoRSS+%28Publico.pt%29

        29.09.2010 - 21:18 Por Lusa

        O ministro de Estado e das Finanças desafiou hoje a oposição a apresentar medidas adicionais de corte na despesa em alternativa aos agora anunciados aumentos de impostos para 2011.

        Teixeira do Santos falava no final do Conselho de Ministros que aprovou medidas de aumento de impostos e de corte nos salários na administração pública.

        Tendo ao seu lado o primeiro-ministro, José Sócrates, o ministro de Estado e das Finanças referiu-se de forma implícita à posição do PSD de que o Estado deveria cortar na despesa, embora disse que, até ao momento, não ouviu qualquer proposta em concreto sobre essa matéria.

        “O Governo apresentou hoje propostas duras -- direi mesmo dolorosas -- de corte na despesa para todos os portugueses. Se [na oposição] não querem que se aumentem os impostos, eu desafio quem acha que se deve cortar mais na despesa a dizer em que mais é que se pode cortar na despesa para evitar aumentar os impostos”, declarou Teixeira dos Santos.

        Teixeira dos Santos afirmou-se mesmo pessoalmente disponível “a considerar propostas adicionais de corte na despesa que possam evitar o recurso ao aumento dos impostos”.

        “É este o repto que deixo às demais forças políticas”, acrescentou. Teixeira dos Santos frisou que os mercados financeiros “estão à espera de um sinal do país, no sentido de que mostre de que é capaz de ultrapassar as dificuldades e resolver os desequilíbrios orçamentais”.

        “O país não é só o Governo, mas somos todos nós. A resposta do país exige uma resposta do Governo e uma resposta das demais forças políticas -- e o Governo está aqui a dizer qual é a sua resposta”, sustentou o titular da pasta das Finanças.

        Neste contexto, Teixeira dos Santos disse esperar que as restantes forças políticas respondam de forma apropriada e de forma a que não comprometam a capacidade que o país necessita de se financiar no exterior”.

         

        Protecção no desemprego menos generosa

        OCDE quer reduzir descontos para aceder ao subsídio

        http://economia.publico.pt/Noticia/ocde-quer-reduzir-descontos-para-aceder-ao-subsidio_1458253

        28.09.2010 - 07:25 Por Raquel Martins

        Portugal devia voltar a reduzir o período de descontos para aceder ao subsídio de desemprego e, ao mesmo tempo, diminuir a protecção dos desempregados mais velhos para incentivar o rápido regresso ao mercado de trabalho.

        A recomendação é da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), que ontem apresentou, em Lisboa, o seu relatório anual sobre Portugal.

        Dada a elevada precariedade do mercado laboral português - que tem vindo a aumentar desde o início dos anos 1990 -, a OCDE sugere que se reduza o tempo de descontos para se ter direito ao subsídio de desemprego, evitando assim deixar de fora os falsos recibos verdes ou os trabalhadores com contratos a termo, mas que não descontaram o tempo suficiente para terem acesso a protecção do desemprego.

        Esta recomendação surge depois de o Governo ter acabado, em Maio passado, com a medida extraordinária que permitia o acesso ao subsídio com 12 meses de descontos (contra os actuais 15). Agora, a OCDE alerta que a maioria dos países exige, no máximo, seis meses de descontos e aconselha o Governo português a aproximar-se dessa média.

        "Tendo em conta o levado peso dos trabalhadores a termo no conjunto da economia, as autoridades deviam considerar reduzir de novo o período contributivo que permite aceder ao subsídio e tornar permanente essa alteração", lê-se no relatório ontem apresentado pelo secretário-geral da organização.

        Mas ao mesmo tempo que pretende facilitar o acesso à protecção social no desemprego, OCDE pede medidas concretas que incentivem a rápida integração no mercado de trabalho.

        E embora elogie as medidas tomadas já este ano - que reduzem o valor do subsídio e obrigam os desempregados a trabalhar por salários mais baixos do que até então -, a OCDE defende que o subsídio de desemprego não deveria estar relacionado com a idade do trabalhador e deveria reduzir-se ao longo do tempo.

        Além disso, a OCDE defende a redução da taxa de substituição do subsídio de desemprego dos mais velhos, que é das mais altas entre os 33 países que compõem a organização, com efeitos positivos no desemprego de longa duração, realça o documento.

        "O grau de generosidade do subsídio não deveria depender da idade, mas sim da duração do desemprego e deveria reduzir-se ao longo do tempo", refere o documento.

        A segmentação do mercado de trabalho, através do uso "intensivo" de contratos a termo e temporários e que afecta sobretudo os jovens e os trabalhadores menos qualificados, é outra das preocupações da OCDE. E embora o relatório reconheça que a recente revisão do Código de Trabalho e Código Contributivo da Segurança Social - que está suspenso até Janeiro de 2011 - foram "passos importantes" nas reformas do mercado de trabalho, é preciso ir mais longe. Nomeadamente reduzir a "protecção" dos trabalhadores do quadro e com contratos sem termo.

         

         

         

        Entrevista

        "Do lado da despesa, não há assim tanta coisa para cortar e, portanto, é necessário recorrer aos impostos"

        http://economia.publico.pt/Noticia/do-lado-da-despesa-nao-ha-assim-tanta-coisa-para-cortar-e-portanto-e-necessario-recorrer-aos-impostos_1458256

        28.09.2010 - 07:28 Por Ana Rita Faria
        O Governo português precisa de medidas imediatas para acalmar os mercados, diz o secretário-geral da OCDE.
        Angel Gurría esteve ontem em Lisboa

        (Miguel Manso)

        Em entrevista ao PÚBLICO, Angel Gurría defende que o Governo tem pouca margem de manobra para cortes no lado da despesa, considerando inevitável uma subida dos impostos.

        Até que ponto os planos de consolidação orçamental lançados por vários países europeus podem vir a comprometer a recuperação económica?
        Passámos um ano e meio preocupados em como sair da crise. Agora que saímos, temos uma retoma modesta e frágil, mas uma retoma. Só que as medidas tomadas para sair da crise provocaram um défice muito grande e acumulação de dívida pública. Temos de conseguir um equilíbrio novo e difícil entre a recuperação e a consolidação orçamental. Se ignoramos esta última, os mercados vão lembrar-nos, de maneira muito brutal. A curto prazo, a consolidação orçamental terá impacto na recuperação, mas sem ela não é possível pensar em ter um crescimento de médio e longo prazo. Não há alternativa.

        O Governo português prevê reduzir o défice para 4,6 por cento em 2011. Confia nessa meta?
        Nos próximos dias, teremos um Orçamento para o próximo ano, que tem como objectivo um défice de 4,6 por cento, que é um défice mais baixo que o de muitas das grandes economias europeias. Estamos confiantes nessa meta, mas, mais importante do que uma meta quantitativa, estamos confiantes na vontade política do Governo e na sua consciência do problema. A reacção dos mercados é, geralmente, muito imediata e obriga a tomar medidas imediatas, que às vezes não vão em frente. Mas, neste caso, o Governo dá sinais de manter a direcção.

        Mas, nas últimas previsões, a OCDE ainda aponta para um défice de 5,6 por cento para 2011 em Portugal...
        A diferença está na capacidade ou não de recuperação das receitas. Esta depende não só do crescimento da economia, mas também depende das medidas entretanto tomadas pelo Governo. Se o executivo diz que vai reduzir as despesas públicas e aumentar os impostos no próximo ano, é possível atingir a meta que ele prevê. O fundamental é que comunique esses esforços aos mercados. A comunicação é um ingrediente essencial, pelo menos hoje em dia, face à pressão dos mercados. Eles estão ávidos disso.

        Considera inevitável o aumento de impostos em 2011?
        O esforço de redução do défice português é ambicioso. É mais ambicioso que o de muitos outros países e, por isso, é preciso utilizar todos os instrumentos. É preciso cortar os benefícios fiscais, é preciso reduzir as despesas convencionais, mas não há tanta coisa assim para cortar. Os orçamentos estão muito rígidos, têm muitas rubricas fixas, muitas despesas com a segurança social. Ou seja, nada que seja possível cortar de forma muito imediata e, portanto, é necessário recorrer aos impostos. A questão é: que impostos? O ideal é aumentar o peso dos impostos sobre o consumo e o património e reduzir o dos rendimentos sobre o trabalho.

        O principal partido da oposição já disse que não iria viabilizar um orçamento para 2011 que incluísse subida de impostos. O que pensa desta falta de consenso político?
        Já fui ministro da Fazenda Pública [no México, entre 1998 e 2000]. Todas essas negociações pré-Orçamento são para mim muito familiares. Mas tenho confiança que os líderes dos partidos políticos, o Presidente, o primeiro-ministro e todos os outros responsáveis se entendam. Vamos ter Orçamento.

         

         

         

        Eurolândia aplaudiu medidas do Governo mas quer mais reformas

        Bruxelas pede reformas laborais e Governo promete moderar salários no sector privado

        http://economia.publico.pt/Noticia/bruxelas-pede-reformas-laborais-e-governo-promete-moderar-salarios-no-sector-privado_1458908

        01.10.2010 - 07:29 Por Isabel Arriaga e Cunha, Bruxelas

        s novas medidas de austeridade anunciadas por Portugal são "ambiciosas" e "bem-vindas" para assegurar as metas de consolidação orçamental prometidas para 2010 e 2011, mas não chegam: a zona euro deu ontem dois meses ao Governo para as complementar com reformas estruturais do mercado de trabalho e dos salários.

        Esta mensagem foi ontem repetida sob várias formas pelos países do euro ao ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, durante uma reunião centrada sobretudo no processo de consolidação orçamental de Portugal e Irlanda, os dois países considerados mais problemáticos no plano orçamental.
        "Exortámos as autoridades portuguesas a complementar as medidas orçamentais com reformas estruturais adicionais profundas e ambiciosas que possam melhorar o potencial de crescimento, focalizadas no mercado de trabalho, formação de salários e melhoria da produtividade de forma a que Portugal possa inverter a queda da sua competitividade", resumiu Jean-Claude Juncker, ministro luxemburguês das Finanças e presidente do Eurogrupo, no final da reunião.
        Olli Rehn, comissário europeu responsável pela Economia e Finanças, precisou que espera que "o Governo português apresente este tipo de reforças estruturais no seu programa nacional de reformas até meados de Novembro". O comissário, que saudou o anúncio do Governo, não deixou de lembrar que "há muito que pedia este tipo de medidas para estabilizar as finanças públicas".
        Para Teixeira dos Santos, as reformas a realizar deverão incidir sobre "o processo de formação dos salários", incluindo em termos de "maior descentralização", de modo a permitir "um elemento de flexibilidade adicional" e "inverter" a "evolução crescente que se registou ao longo da última década dos custos unitários do trabalho porque compromete a nossa competitividade".
        Depois da Grécia, no início do ano, e a Espanha, em Junho, a grande prioridade actual da eurolândia é assegurar que os compromissos de Portugal e Irlanda em termos de consolidação orçamental serão escrupulosamente cumpridos, de modo a evitar um agravamento da desconfiança dos mercados financeiros capaz de os estrangular financeiramente.
        Não foi por acaso, aliás, que os dois países anunciaram na véspera da reunião novos programas de austeridade particularmente severos para lhes permitir cumprir as metas que fixaram para a redução dos respectivos défices este ano e no próximo.
        A expectativa da eurolândia é que os anúncios deverão permitir evitar que ambos tenham de recorrer à facilidade europeia de estabilização do euro (EFSF) de 440 mil milhões de euros que foi criada em Maio precisamente para socorrer os países em dificuldade de financiamento.
        A prova de que essa eventualidade chegou a ser temida foi implicitamente fornecida por Klaus Regling, o director do EFSF, quando afirmou a sua convicção de que a facilidade "não precisará de se tornar operacional no plano financeiro (...) nomeadamente porque os países relevantes anunciaram passos adicionais de consolidação".
        O sono do ministro
        Teixeira dos Santos negou que o novo programa de austeridade tenha sido adoptado "para satisfazer a vontade ou a pressão de Bruxelas ou seja de quem for". Segundo afirmou, "a agudização da crise irlandesa colocou Portugal novamente debaixo do foco das atenções e das preocupações dos mercados internacionais e daí a necessidade de termos que avançar com novas medidas".
        "Temos consciência do que [a nova austeridade] vai custar a todos os portugueses", mas "temos que tomar estas decisões para serenar os mercados financeiros", e assegurar as necessidades de financiamento externo da economia, justificou. E precisou: "Para tomar estas medidas, dormi mal, mas se não as tomasse, acho que não era capaz de dormir."

         

         

         

        Margens face à Alemanha acompanham tendência

        Juros da dívida pública descem pelo segundo dia consecutivo

        http://economia.publico.pt/Noticia/juros-da-divida-publica-descem-pelo-segundo-dia-consecutivo_1458959

        01.10.2010 - 11:16 Por Paulo Miguel Madeira

        As taxas de juro das obrigações portuguesas a dez anos estão a descer fortemente no mercado secundário, se bem que ainda se encontrem em níveis historicamente elevados, acontecendo o mesmo com o diferencial face aos juros das obrigações alemãs equivalentes.

        (José Manuel Ribeiro/ Reuters/ arquivo)

        A taxa de juro cobrada no mercado secundário das Obrigações do Tesouro a dez anos era 6,190 por cento às 10h45, segundo o registo da agência Reuters, quando na terça-feira tinha fechado num máximo histórico de 6,637 por cento (e tinha superado 6,7 por cento durante a manhã). O valor de hoje era já também inferior ao máximo de 6,441 por cento atingido a 7 de Maio, no auge da crise da dívida grega.
        O diferencial face às obrigações equivalentes alemãs também estava em baixa, para 389,1 pontos-base, se bem que ainda acima dos 377,8 de 7 de Maio.
        No entanto, na terça feira tinha fechado em 438,1 pontos-base, tendo chegado a aproximar-se dos 450 durante a manhã.
        Nas obrigações, a dois anos, hoje o juro era de 3,91 por cento às 11h, face a 4,47 por cento no pico de terça-feira (que no entanto era muito inferior ao de 7 de Maio), e o spread era de 258,4 por cento, face a 390,8 na terça.
        Esta descida pode ser vista como uma reacção às drásticas medidas de austeridade propostas esta semana pelo Governo para 2011, que incluem cortes salariais na função pública e subida do IVA para 23 por cento.

         

         

        O Estado Poupadinho

        Vídeos:

        Blindados anti-motim
        Os submarinos
        Pensões dos políticos
        Remunerações dos gestores públicos
        Reformas milionárias
        Os estádios do Euro
        parte 1
        parte 2

        Estado da economia 3º quartil 2010

        http://static.publico.pt/homePage/infografia/economia/economia-pt/

        image

        2006 III 7.4%
          IV 8.2%
        2007 I 8.4%
          II 7.9%
          III 7.9%
          IV 7.8%
        2008 I 7.6%
          II 7.3%
          III 7.7%
          IV 7.8%
        2009 I 8.9%
          II 9.1%
          III 9.8%
          IV 10.1%
        2010 I 10.6%
          II 10.6%

        image

        image

         

        image

        image

        Manifesto em defesa de obras públicas congrega 51 subscritores

        Guerra de manifestos

        Manifesto em defesa de obras públicas congrega 51 subscritores

        publicado 18:03 27 Junho '09

        O dirigente do Bloco de Esquerda Francisco Louçã é um dos subscritores do manifesto em defesa do investimento público José Sena Goulão, Lusa

         

         

        Ao manifesto dos 28, publicado a 20 de Junho por um conjunto de economistas e antigos governantes, segue-se o manifesto dos 51. Desta feita, o elenco de signatários inclui personalidades como o dirigente do Bloco de Esquerda Francisco Louçã, o sociólogo Boaventura Sousa Santos, o gestor José Penedos ou o antigo secretário de Estado socialista José Reis. "Só com emprego se pode reconstruir economia" é a premissa que abre um texto carregado de apelos a uma inclinação à esquerda na linha de política económica.

        "Para além da intervenção reguladora no sistema financeiro, a estratégia pública mais eficaz assenta numa política orçamental que assuma o papel positivo da despesa e sobretudo do investimento, única forma de garantir que a procura é dinamizada e que os impactos sociais desfavoráveis da crise são minimizados", lê-se no texto assinado pelos 51 académicos.

        Os recursos públicos, propugnam os subscritores, "devem ser prioritariamente canalizados para projectos com impactos favoráveis no emprego, no ambiente e no reforço da coesão territorial e social: reabilitação do parque habitacional, expansão da utilização de energias renováveis, modernização da rede eléctrica, projectos de investimento em infra-estruturas de transporte úteis, com destaque para a rede ferroviária, investimentos na protecção social que combatam a pobreza e que promovam a melhoria dos serviços públicos essenciais como saúde, justiça e educação".

        Manifesto contra "atitude conservadora"

        Na mira dos 51 subscritores está o conteúdo do manifesto que há uma semana surgia assinado por figuras como Daniel Bessa e Luís Campos e Cunha, antigos membros de executivos socialistas. Um documento que o economista Luís Nazaré afirma reflectir "opiniões conservadoras".

        "Traduzem uma atitude conservadora e, do nosso ponto de vista, uma atitude demissionista relativamente àquilo que as gerações presentes devem sentir como responsabilidade para com as gerações futuras e para a construção de um Portugal melhor", sustentou Luís Nazaré à RTP. Para o economista, impõe-se assegurar "as infra-estruturas de que o país já carece há algum tempo".

        Na esteira da publicação do manifesto de 28 economistas, Francisco Louçã havia assumido as despesas do ataque ao que disse ser um documento "sem uma palavra sobre a máfia financeira, os conselhos de administração que eles frequentavam com todo o deleite". O documento, afirmava há uma semana o dirigente bloquista, vinha ilustrar "uma espécie de Olimpo do Bloco Central, em que vão buscar uma série de ex-ministros todos eles de pouca fama".

        Opinião semelhante foi ouvida ao secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, para quem o manifesto dos 28 economistas foi "mais do mesmo de gente que só quer salvar uma política de direita".

        Reavaliação é posição "credível"

        No campo oposto, a presidente do PSD colocou-se ao lado dos subscritores do manifesto divulgado a 20 de Junho. No mesmo dia, Manuela Ferreira Leite sublinhava que "não se encontra nenhum economista credível que subscreva uma posição contrária à reavaliação dos grandes investimento públicos.

        "Não há nenhum economista, seja ele de que partido for, que não defenda aquilo que venho dizendo há mais de um ano", sustentava então a líder social-democrata.

        Nos antípodas da via defendida pelo PSD de Manuela Ferreira Leite, os subscritores do novo manifesto rejeitam a ideia de que o investimento público dê lugar a um "fardo incomportável que irá recair sobre as gerações vindouras".

        "Trata-se naturalmente de uma opinião contestável e que reflecte uma escolha político-ideológica que ganharia em ser assumida como tal, em vez de se apresentar como uma sobranceira visão definitiva, destinada a impor à sociedade uma noção unilateral e pretensamente científica", frisa o documento.

        Adiante os signatários afirmam: "A pretexto dos desquilíbrios externos da economia portuguesa, dizem-nos que devemos esperar que a retoma venha de fora através de um aumento da procura dirigida às exportações. Propõe-se assim uma atitude passiva que corre o risco de se generalizar entre os governos, prolongando o colapso em curso das relações económicas internacionais e mantendo em todo o caso a posição periférica da economia portuguesa".

        "Sofri ataques de Santana, mas não tão pensados como os de Sócrates"

        Entrevista a José Manuel Fernandes

        "Sofri ataques de Santana, mas não tão pensados como os de Sócrates"

        por Adriano Nobre, Publicado em 18 de Agosto de 2010

        José Manuel Fernandes diz que mais do que o fim de um ciclo político, o país pode estar a aproximar-se do fim de um regime

        Abandonou a direcção do "Público" no final de Outubro e continua a achar que foi a melhor decisão que tomou. Apesar de admitir ter saudades do ambiente da redacção, dá mais valor à liberdade que agora sente para fazer "algumas coisas que queria fazer há muito tempo". Mantém uma colaboração regular com o jornal, faz comentário político, mas está agora mais disponível para escrever livros e dar aulas, por exemplo. Relativamente à sua saída da direcção do "Público", fica apenas um lamento: a infeliz coincidência entre o timing de saída e a polémica que se arrastou durante meses com a manchete que agitou o mundo político no Verão de 2009.

        Passado um ano da publicação da manchete do "Público" sobre as alegadas escutas em Belém, que análise faz a toda a polémica que se seguiu?

        Talvez não tivesse na altura uma noção tão clara como tenho hoje do tipo de forças que foram postas em movimento entre as eleições europeias, em Junho, e as eleições legislativas, em Setembro, para que a derrota das europeias não se repetisse. O que mais retenho, no entanto, é que foi das campanhas em que menos se verificou uma colagem entre o que foi prometido pelo partido vencedor e o que depois veio a acontecer.

        Voltaria a fazer a mesma manchete?

        No primeiro dia indiscutivelmente sim. No segundo dia... houve uma necessidade de justificar a notícia do primeiro dia que não era necessária. Era uma história do ano anterior [sobre um alegado espião do governo na comitiva presidencial numa visita à Madeira] que não tinha dado nada e que depois se decidiu recuperar. Talvez não fizesse grande sentido, apesar de servir de contexto. Mas quanto à primeira história faria tudo igual: eram declarações formais da casa civil do Presidente da República.

        Cavaco Silva nunca desmentiu...

        Pois não. Nem na comunicação que fez depois ao país. Tenho a convicção absoluta de que havia grande mal-estar entre Belém e São Bento. Porque havia a ideia - que nem acho que fosse verdadeira - de que aquela liderança do PSD era Cavaco Silva através de outra figura.

        Acha que a recuperação da história pelo "DN", com a divulgação da fonte de Belém a poucos dias das legislativas, teve impacto no eleitorado?

        Não acredito que tenha mudado nada. O que tornou claro foi que houve uma semana em que praticamente não houve campanha eleitoral, e isso sim pode ter tido influência: houve um silenciamento absoluto da campanha.

        Nunca chegou a saber como é que esses mails publicados pelo "DN" saíram do sistema do "Público"?

        Não. Nem o facto de essa troca de mails interna do "Público" ter sido publicada noutro jornal foi alvo de qualquer sanção ou processo na comissão da carteira. Não quiseram falar mais do assunto. Mas para mim a gravidade do que se passou mantém-se. Para todos os efeitos o que aconteceu foi uma intrusão na privacidade da comunicação das pessoas, que, sem se saber como, aparece publicada noutro jornal.

        Não havia interesse público na divulgação da fonte de Belém?

        De forma alguma. Se Belém tivesse desmentido a notícia haveria interesse público. Mas sem desmentido qual é o interesse? Por comparação com tanta coisa que teve discussão pública sobre violação de comunicações e sobre o que era dito nessas comunicações, aquela troca de mails do "Público" não tem gravidade nenhuma. Com a agravante de que o acesso a esses mails não foi autorizado por um juiz, ao contrário das escutas tão discutidas. Aliás, a própria pessoa em si, a "fonte", não faz parte da troca de mails. É só diz que disse. Agora imagine o que seria se transformássemos em prova tudo o que foi dito por todas as pessoas naquelas escutas em que se preparavam milhentas coisas muito mais gravosas, sobre compras de empresas, interesses... É por isso que me custa perceber que uma troca de mails possa ocupar tanto espaço noutro jornal. Até porque, como se veio a saber pelo jornal [o "Expresso"] a quem foi oferecida primeiro essa troca de mails do "Público", quem passou a informação era "uma fonte com interesses".

        A sua saída do jornal já estava decidida, mas ocorre depois desta polémica. Ficou magoado por essa coincidência?

        Se quando eu decidi a data de saída soubesse que isto ia acontecer entretanto, não tinha saído nessa altura. Mas as coisas já estavam decididas e não havia razão para não cumprir o que estava programado e assumir um ónus que não tinha razão de ser.

        Sentiu-se empurrado da direcção pelas vozes contestatárias da linha editorial do "Público"?

        Não. Sempre houve vozes contestatárias em todos os governos durante o período em que estive na direcção do "Público". Sempre houve problemas, porque o jornal sempre foi incómodo, sempre publicou histórias de que eles não gostavam e eu nunca deixei de criticar quem tinha de criticar. Já tinha sofrido ataques de Santana Lopes, por exemplo na campanha eleitoral de 2005, embora esses ataques fossem mais epidérmicos e não tão pensados, nem com a repercussão e a encenação que tiveram os ataques de José Sócrates num congresso.

        Sente hoje o "Público" diferente? Já publicou um artigo de opinião de José Sócrates aquando do veto ao negócio PT/Telefónica.

        Isso é um problema de José Sócrates e não meu. Nós pedimos muitas entrevistas e até era habitual os primeiros-ministros publicarem artigos do "Público" antes das cimeiras europeias. Aconteceu com António Guterres e Durão Barroso, mas não era um hábito de José Sócrates. E não era por o jornal não querer.

        Disse na comissão de Ética que este foi o primeiro-ministro que pior lidou com a liberdade de imprensa. Porquê?

        Ainda antes de ser primeiro-ministro já havia alguma tensão pela forma como ele lidava com questões banais como o facto de haver críticas contra ele no jornal. Hoje em dia, com tudo o que aconteceu no final da anterior legislatura, as pessoas esquecem um pouco o que se passou no período áureo dessa legislatura, com a maioria absoluta, entre 2007 e 2008. É bom lembrar, por exemplo, que quando nós publicámos a primeira história da licenciatura ela foi silenciada em todos os outros jornais, rádios ou televisões durante oito dias exactos. Só a Rádio Renascença pegou nisso episodicamente, mas tirou a peça do ar depois de receber um telefonema dos assessores. Ninguém noticiou aquilo, quando o interesse público era óbvio. Como é que isso aconteceu durante tanto tempo? É porque algo não estava bem neste sector: não foi apenas pela existência de telefonemas, mas devido a um determinado clima instalado. Aliás, quando o primeiro-ministro vai à RTP para dar as suas explicações sobre a licenciatura, se as pessoas só vissem a RTP não perceberiam de que é que ele estava a falar porque a RTP não tinha dado uma única notícia sobre o assunto. Só tinha havido referências vagas no programa de Marcelo Rebelo de Sousa. Isso é normal? É independente? Mas a Entidade Reguladora da Comunicação achou normal...

        E a culpa foi dos assessores do governo ou do marasmo dos jornalistas?

        Um bocado de tudo, porque estas coisas só acontecem quando há predisposição para que seja assim. Há governos que não têm um minuto de estado de graça, como foi o caso de Santana Lopes. Este governo, às vezes fazendo coisas exactamente iguais, teve todo o estado de graça. Hoje penso que não diminuiu a eficiência da máquina de comunicação do governo, mas percebe-se que o ambiente já não é o mesmo. Porquê? Porque não é possível voltar atrás e as coisas já não são como eram há cinco anos, já não há tanta tolerância e condescendência. Da mesma forma que, olhando para o noticiário que é publicado, se percebe que a liderança de Passos Coelho está a beneficiar de um estado de graça a que Ferreira Leite nunca teve direito. É um bocado parecido com o que aconteceu com José Sócrates no início, na relação com os meios quando aparecem.

        Acha que está a passar para os jornalistas uma certa ideia de fim de regime socialista?

        É provável. Mas acho que não é só isso, porque também poderia ter passado essa ideia para os jornalistas quando o PS perdeu as eleições europeias no ano passado. Nessa época até tinha havido uma derrota eleitoral de Sócrates e nesta altura não houve nenhuma. No entanto, nunca houve a percepção de Manuela Ferreira Leite como eventual futura primeira-ministra. Eu acho que isso tem a ver com questões culturais, geracionais, com a maneira de estar e com a identificação das pessoas.

        Faltava marketing a Ferreira Leite?

        Eu acho que nem o melhor marketing do mundo a salvava. Pela própria natureza dela, que não é vendável numa perspectiva de marketing, porque ela própria resistia a isso. Mas em relação aos estados de graça, às vezes nem sei bem definir de onde vêm. Limito-me a constatá-los. Por exemplo: durante anos a fio, sempre que o BE e Francisco Louçã apareciam na imprensa apareciam de forma positiva, era difícil encontrar retratos negativos. Hoje já é um pouco diferente, até pela usura da vida parlamentar. Por comparação, é muito difícil encontrar na comunicação social generalista visões positivas do PCP. E valem eleitoralmente o mesmo. Porquê? Talvez porque haja uma identificação cultural e até ideológica entre muitos jornalistas e o BE. Porque o BE era visto como uma coisa moderna e o PCP como uma coisa arqueológica. Isso percebe-se lendo os jornais, vendo televisão e ouvindo as conversas dos jornalistas.

        Isso é uma perversão do jornalismo.

        Sem dúvida. Mas dou outro exemplo: os referendos. No referendo ao aborto percebeu-se claramente que a maioria das redacções estava a favor do ''sim'' e que no referendo à regionalização a maioria estava a favor do ''não''. Por muito que se tentasse equilibrar isso com os artigos de opinião, quando chegava à altura das reportagens e à forma de apresentá-las, qualquer exagero da campanha de um lado ou de outro eram vistas de forma diferente. Radicalismos de um lado eram desculpados e de outro eram atacados e colocados em parangonas, ou glosados em cartoons. O erro está em achar-se que os jornalistas são completamente objectivos. Se se reconhecer que o jornalista não é completamente objectivo, conseguem encontrar-se formas de compensar essa subjectividade da profissão. É importante encontrar esses equilíbrio dentro das próprias redacções. Por exemplo, é bom que os temas sejam abordados por diferentes jornalistas para colocá-los sob diferentes subjectividades. Os jornalistas são subjectivos porque são seres humanos. Portanto os seus olhares, por mais objectivos que sejam, reflectem sempre a sua experiência de vida ou visão pessoal.

        Não seria preferível os jornais assumirem posições, como por exemplo os "endorsement" dos jornais norte-americanos nas eleições?

        Na maioria dos jornais norte-americanos o ''endorsement'' não corresponde formalmente a um apoio. Apesar desse ''endorsement'' eles tentam ser equidistantes e na prática é possível encontrar essa equidistância nalguns órgãos de informação. Noutros não é. Mas o ''endorsement'' não é alinhamento. Em Espanha, por exemplo, não temos jornais a dar sentido de voto, mas toda a gente sabe a tendência de cada jornal.

        Em Portugal isso não acontece. Não seria preferível?

        Não acontece por várias razões, mas a principal é por sermos um mercado muito pequeno e muito limitado a Lisboa e Porto. Isso significaria a necessidade de haver pelo menos um jornal popular de direita e um jornal popular de esquerda e depois um jornal de referência de direita e outro jornal de referência de esquerda. Como acontece em Espanha, Itália ou França. Mas eles têm mercados muito maiores. Em Portugal era impossível, por isso os jornais tentaram sempre abranger o maior número possível de públicos. Por outro lado, a própria cultura do jornalismo português ficou vacinada com a experiência do PREC e com a partidarização dos jornais. Isso resultou numa enorme quantidade de cadáveres de jornais e revistas que desapareceram. A partir daí passou a fazer-se um jornalismo mais equidistante. Ainda me lembro de quando fui para o "Expresso" me terem dito que eu ia para um jornal do PSD...

        Por causa de Balsemão...

        Sim, embora quando eu fui para lá ele já fosse primeiro-ministro. Mas eu sempre disse que estavam enganados, porque o jornal era diferente. Depois surgiu o "Semanário", que foi dos últimos jornais a ser lançado como um projecto político, ligado a uma área da direita. Isso libertou o "Expresso" da imagem de ligação ao PSD e permitiu-lhe afirmar-se como jornal independente. E afirmou-se quase como uma matriz para todo o resto da imprensa. Acho que hoje todos os jornais, de uma forma ou outra, copiam o "Expresso". Basta pensar que o "Público" saiu do "Expresso" e que depois condicionou muito todas as alterações na imprensa diária. E quem marcou a informação televisiva também foi a SIC, que veio igualmente da Impresa.

        Agora que assume uma posição de comentador político, também partilha da opinião de que o governo PS está próximo do fim e que Portugal vai ter eleições legislativas em 2011?

        Estamos numa fase um bocado pesada da política portuguesa. Não sei se estamos apenas no fim de um ciclo de Sócrates, como antes houve os ciclos de Cavaco ou Guterres, ou se não estaremos numa situação mais complicada que é o fim de um regime. Ainda no outro dia li um artigo do José Miguel Sardica sobre o fim da monarquia e em que ele diz que em Portugal os regimes nunca se souberam auto-regenerar e que morreram por dentro. Desfizeram-se. Há elementos semelhantes nesta altura, porque há muito azedume do eleitorado relativamente aos políticos. O que me parece mais complicado é encontrar formas naturais de sair deste ciclo de dívidas e défices intermináveis. Quando acabar este PEC vem outro a seguir. Qual é a saída? Qual é o partido que consegue ganhar as eleições sem ser com mandatos ao contrário daquilo que depois vão fazer no governo? Quando isso acontece muitas vezes, cria-se um deslaçamento entre os eleitores e os seus dirigentes. Dizer a verdade é algo que quase nunca acontece porque se tem a perspectiva de que se tem de ser optimista, se não as coisas ainda ficam pior.

        Quando sai da direcção do "Público" e depois aparece numa conferência do PSD houve quem visse nessa atitude o revelar de uma "agenda" escondida.

        Já fui a várias sessões de partidos quando me convidam. Não acho que tenha de ter direitos diminuídos como cidadão por ser, ou ter sido, director de um jornal. Se achar que faz sentido e que posso dar um contributo, participo.

        Tem saudades do ambiente da redacção de um jornal?

        Se disser que não tenho é mentira. Mas o sentimento de que estou a viver uma fase diferente e que posso fazer coisas que queria fazer há muito tempo, ainda supera largamente essas saudades. Quando penso no resto que ganhei continuo a sentir que foi a decisão acertada.