Contas em tempo Crise
Banca privada lucra 4 milhões por dia
por PAULA CORDEIRO e VÍTOR MARTINS11 Fevereiro 2010
Ganhos dos quatro maiores bancos subiram 13,7% em 2009. Os impostos, pelo contrário, baixaram 15,6%
Os quatro maiores bancos privados a actuar em Portugal fecharam o ano de 2009 com lucros totais de 1445,6 milhões de euros, mais 13,7% do que em 2008, ano em que as contas foram fortemente abaladas pela crise do subprime. São, números redondos, quatro milhões por dia.
Campeão dos lucros, o Santander Totta foi o único entre os grandes bancos privados que conseguiu ultrapassar os últimos três anos sempre com crescimentos nos seus resultados. "Sem qualquer ajuda do accionista e sem apoio público", como fez questão em salientar o seu presidente, Nuno Amado.
Até o BCP, apesar de todas as polémicas a nível da administração e da forte exposição a mercados em crise, anunciou ontem resultados líquidos de 225 milhões de euros em 2009, mais 12% do que no ano anterior e um valor bem acima das expectativas dos analistas. Os números, contudo, têm em conta a mais-valia contabilística no Banco Millennium em Angola de 21,2 milhões de euros e os ganhos obtidos na alienação de activos de 57,2 milhões de euros.
Satisfeito com os objectivos alcançados, Santos Ferreira, o CEO do banco, vai propor na assembleia geral de accionistas o pagamento de um dividendo de 1,9 cêntimos por acção, uma subida de 12% face à remuneração paga no ano passado. Mas, mesmo assim, a equipa de gestão vai abdicar dos seus prémios. "Este ano não queremos bónus", garantiu.
O crescimento mais significativo foi, todavia, obtido pelo BES. O banco presidido por Ricardo Salgado registou um aumento de 30% nos lucros, onde se destaca o contributo da sua área internacional, que já corresponde a 39% dos seus 522 milhões de euros de lucros.
Esta é uma tendência generalizada na banca privada, com especial relevância para as operações dos vários bancos em Angola. À excepção do BPI, que no final de 2008 vendeu 49,9% do Banco de Fomento Angola a parceiros angolanos, reduzindo assim o seu contributo para metade, todos os restantes aumentaram o contributo da área internacional.
Apesar de ter sido um ano de queda de juros, algumas instituições viram a sua margem financeira aumentar. O BPI e o BCP foram a excepção, com uma queda de 8,7% e 22,5%, respectivamente.
No que respeita às comissões, o comportamento foi díspar: caíram 2,4% no Santander Totta, cresceram 1,9% no BPI, 7,1% no BCP e 12,8% no BES.
Aos bons resultados conseguidos pela banca privada não correspondeu um maior aumento dos impostos. Pelo contrário. Em 2008, as quatro instituições tinham pago para os cofres ficais 391,9 milhões de euros; no ano passado desembolsaram apenas 330,8 milhões, uma descida de 15,6%, explicada, em parte, pelos inúmeros benefícios fiscais do sector. Só o BES pagou mais.
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