Santos Silva: «Não haverá quebras de compromissos eleitorais»

Medida será primeiro discutida no interior do Governo

Sócrates omite ao PS medidas que pretende tomar para reduzir o défice orçamental

10.05.2010 - 19:21 Por Margarida Gomes

O primeiro-ministro e secretário-geral do PS, José Sócrates, evitou hoje explicar ao partido quais as medidas que o Governo pretende tomar no sentido de reduzir o défice orçamental de 7,3 por cento do PIB, um por cento abaixo do que estava previsto, já este ano.

Sócrates quer primeiro dicutir as medidas a tomar no interior do 
Governo 
Sócrates quer primeiro dicutir as medidas a tomar no interior do Governo (João Henrique)

Na reunião do secretariado Nacional do PS, Sócrates aludiu às decisões tomadas na passa sexta-feira no último Conselho Europeu, em Bruxelas, no sentido de ser criado um novo fundo de apoio à zona euro e de estarem previstas medidas adicionais de consolidação orçamental por parte dos Estados-membros da zona euro, mas não explicou nenhuma das medidas com o argumento de que a questão tem de ser primeiro discutida no interior do Governo.

Este argumento não foi, porém, bem recebido por alguns dos dirigentes do partido que entendem que o secretário-geral deveria discutir a questão com o partido. No final, o porta-voz da reunião ficou a ideia de que o recusou a possibilidade de as medidas de consolidação orçamental acordadas por José Sócrates em Bruxelas poderem traduzir quebras dos compromissos assumidos nas últimas eleições legislativas. Na conferência de imprensa que se seguiu à reunião do secretariado Nacional, Augusto Santos Silva disse claramente que “não haverá quebras de compromissos eleitorais. A Europa e todo o mundo vivem alterações radicais de circunstâncias e o que se exige às instituições políticas é que estejam à altura de responder rápida e correctamente às alterações de circunstâncias”.

Interrogado se medidas que aumentem os impostos não traduzirão uma quebra dos compromissos eleitorais assumidos pelos socialistas, Augusto Santos Silva recusou que as medidas de consolidação orçamental impliquem “uma mudança de orientação ou de rumo político”. “O foco continuará a ser colocado na redução da despesa pública e tomando-se as medidas que forem necessárias para acelerar o processo de consolidação orçamental. Mas não me refiro a nenhuma medida em particular”, alegou. “A orientação seguida no programa eleitoral do PS - e que tem caracterizado a orientação do partido quando assume funções de governo, seja entre 1976 e 1978, ou entre 1983 e 1985, ou 1995 e 2002 - é pôr à frente de qualquer outro interesse o interesse nacional. E é do interesse nacional e europeu que estamos a falar. Portugal assumiu novos compromissos conjuntamente com os novos compromissos dos diferentes Estados-membros da zona euro”, alegou ainda Augusto Santos Silva, citado pela agência Lusa.

Durante a reunião, o secretário-geral do PS foi confrontado pela ex-secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino, com a introdução de portagens nas concessões das SCUTS a Norte (Norte Litoral, Costa de Prata e Grande Porto), mas Sócrates não respondeu. E a questão parece ter incomodado particularmente o dirigente do PS, Miranda Calha, que terá feito o seguinte comentário:” Numa altura de crise como esta, a questão SCUTS são peanuts”.

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