Dívida das empresas públicas

Estudo BPI
Dez empresas representam 95% do total da dívida das empresas públicas
por Agência Lusa, Publicado em 06 de Janeiro de 2010  

Das 41 empresas analisadas pelo BPI, 15 são consideradas sustentáveis, seis previsivelmente sustentáveis e 20 previsivelmente não sustentáveis, com dez empresas a representarem 95 por cento dos 32,4 mil milhões de euros da dívida adicional das empresas públicas.

"As empresas do sector dos transportes são as que têm o maior peso", destacou o presidente do banco, Fernando Ulrich, durante a apresentação do estudo, que decorreu hoje, em Lisboa.

A Refer lidera a tabela das empresas com maiores compromissos adicionais, calculados pelos economistas do BPI, dentro do Sector Empresarial do Estado (SEE), com um peso de 26 por cento, correspondente a quase nove mil milhões de euros, com os transportes a dominarem a lista.

Segue-se o Metro de Lisboa (16,8 por cento, perto de 5,5 mil milhões de euros), o Parque Escolar (13,6 por cento, cerca de 4,5 mil milhões de euros), a Comboios de Portugal - CP (11 por cento, sensivelmente 3,8 mil milhões de euros), os Hospitais EPE (8,2 por cento, quase três mil milhões de euros), o Metro do Porto (7,5 por cento, 2,5 mil milhões de euros), a Empresa de Desenvolvimento e Infra-estruturas do Alqueva - EDIA (3,8 por cento, cerca de 1,2 mil milhões de euros), a Estradas de Portugal (2,8 por cento, quase mil milhões de euros), a RTP (2,7 por cento, perto de mil milhões de euros) e a Carris (1,8 por cento, cerca de 600 milhões de euros).

Os restantes 5,2 por cento estão repartidos pelas outras 25 empresas incluídas no estudo do BPI - entre as previsivelmente sustentáveis e as previsivelmente não sustentáveis.

"Faz-me um bocado de impressão como é que ao longo dos anos se chegou a esta situação. Choca-me a dimensão que têm as responsabilidades actuais e futuras" do Estado português, sublinhou Fernando Ulrich, concluindo que "10 milhões de portugueses têm que dispender tanto por tão pouco".

Questionado pelos jornalistas, o presidente do BPI evitou sempre entrar em polémicas sobre as opções do Governo ao nível do investimento nas grandes obras públicas, dizendo que "os portugueses é que elegem os responsáveis pelo destino do país, os governantes e os deputados".

No entanto, o comboio de alta velocidade (TGV) figura na lista das parcerias público-privadas e concessões analisadas, implicando, estimam os economistas do Banco BPI, compromissos adicionais para o Estado, ou seja, deverá dar prejuízos aos cofres públicos.

"Querem fazer tudo como está agora programado, com a subida do investimento público?", questionou Ulrich, afirmando que então será necessário "cortar mais nas despesas e aumentar os impostos".

O presidente do BPI mostrou preocupação pelo estado actual, e pela esperada evolução, da dívida pública.

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